É possível ouvir quase tudo quando o amor vai embora
Dentro da madrugada sinistra
Os cães uivam e os gatos gemem nos telhados
Os vizinhos existem
As conduções levam para todos os lugares
Existe labor demasiado
As esquinas são sujas de merda e mijo e gente e falácias
Os relógios se arrastam nos escritórios enfadonhos de mulheres penteadas e homens engravatados
Tua roupa íntima tem um furo
Você tem um furo no teu centro
(Mira)
Também que as tuas mãos alcançam o teu sexo, e a tua boca, e os dedos contraem o gosto amargo do Tédio na língua - antes da palavra
Pois que ficam dois ouvidos dissipando o silêncio - a te perseguir, incontrolável o burburinho colado em ti
Uma lástima intermitente brincando de costurar teus órgãos e tecidos vivos
Pois aqui está: ou pega com a mão teu medo da morte que bate na ferida aberta da tua cara catatônica
Ou despenca
Não há negociações quando o amor vai embora
E não esqueça o caminho que regressa pra tua casa
Que insiste amanhecer com um raio luminoso no canto da parede
Onde outrora você pendurou tua esperança.
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