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sábado, 7 de maio de 2022

A Consulta


 

Sentou-se com o cuidado exagerado de quem está habituado a considerar todos os móveis demasiado frágeis e pequenos para o seu imenso peso. Mesmo assim, a cadeira que escolhera por não ter braços e lhe parecer ser a mais sólida do consultório rangeu bem alto e estremeceu fortemente, ameaçando desmoronar-se. Por meio de alguns movimentos minuciosos e bem ponderados foi-se ajeitando até se sentir confortável e bem apoiado. Deu um grande suspiro de alívio e satisfação e só então contemplou o psiquiatra, que via pela primeira vez.

Fora-lhe altamente recomendado por conhecidos e amigos como sendo um dos melhores especialistas de doenças nervosas. No entanto, o seu aspeto franzino e como que encolhido, a careca rebrilhante, os minúsculos óculos de aros dourados, encavalitados na ponta do nariz e as roupas antiquadas e bastante enrugadas não incutiam muita confiança. Hesitou, mais uma vez. Nunca gostara de psiquiatras e sempre desconfiara de quem os consultava. Confiar totalmente em terceiros para a resolução de problemas íntimos e pessoais parecia-lhe ser um dos muitos exageros perigosos da sociedade atual e algo que devia ser evitado a todo o custo. Mas os seus problemas tinham atingido uma dimensão tal que já não conseguia continuar a trabalhar com a eficiência esperada de quem ocupava um lugar de responsabilidade. Decidiu-se, pois, a falar.

Numa voz inesperadamente melodiosa por provir de tão descomunal corpo, delineou em poucas palavras a situação que o levara a consultar um especialista. Trabalhava desde sempre num dos principais hotéis de luxo da cidade. Colocado no patamar intermédio da enorme escadaria de acesso aos numerosos salões, a sua função era refletir os hóspedes que subiam ou desciam os seus degraus. Durante muitos anos executara fielmente essa missão, com a qualidade exigível a um espelho da mais alta qualidade. Gostava do seu trabalho, sempre variado, agradando-lhe sobretudo as épocas de grande azáfama em que era chamado a intervir continuamente, por vezes durante horas a fio.

Ultimamente, porém, tudo se alterara. Sem que soubesse realmente porquê sentia-se totalmente desmotivado, entrando mesmo em pânico quando detetava a aproximação de alguém. Os grupos, então, deixavam-no num estado de prostração nervosa tal que só muito a custo conseguia cumprir as suas funções. Vivia num estado de angústia permanente devido ao temor de ver chegado o momento em que falharia por completo, tornando-se incapaz de refletir fosse o que fosse. Nos breves momentos de sonolência tinha sonhos cada vez mais frequentes em que entrava um imenso martelo que o estilhaçava, fazendo-o em mil pedaços e acabando de vez com os seus problemas e preocupações. Sentia grande dificuldade em repousar sempre que não era necessário, pois durante esses instantes, por vezes bem longos, só conseguia pensar, com ansiedade, que em breve alguém apareceria, sendo então necessário voltar ao trabalho.

Tentara todo o tipo de medidas e curas recomendadas por amigos e conhecidos: meditação de vários géneros, exercícios respiratórios e de relaxação muscular, auto-hipnose, frases encantatórias repetidas vezes sem conta ao longo do dia e, até, certas ervas supostamente calmantes. Nada resultara. Embora com imensa relutância, decidira-se, por fim, a consultar um especialista. Era a sua última esperança, pois não lhe restavam grandes ilusões: mais cedo ou mais tarde acabaria por falhar nas suas funções, sendo então ignominiosamente despedido ou, até, destruído.

Tendo dito tudo o que lhe parecia ser necessário para a análise da situação, calou-se. Alguns minutos se passaram, num silêncio total e bastante incómodo para o paciente. O imenso vulto retangular do pesado espelho movia-se nervosamente na cadeira, apesar dos protestos audíveis desta e do perigo, bastante real, de uma queda. Olhava com fixidez para o psiquiatra como se esperasse que uma simples palavra deste chegasse para o libertar dos seus problemas. Era óbvio que esperava um milagre, apesar da sua alegada desconfiança. Mas este nada dizia, limitando-se a olhar para o tampo da secretária e para os vários papeis que colocara à sua frente.

Começava a arrepender-se de ter vindo. As suas ideias sobre o que se passava neste tipo de consultas eram bastante vagas, mas mesmo assim nada decorrera de acordo com as suas expectativas. Pensara encontrar um pessoa decidida e incisiva que uma vez ouvida a sua breve narrativa dos factos propusesse de imediato uma solução simples e eficaz. Algo que o salvasse, devolvendo-lhe a tranquilidade e a paz de espírito que conhecera durante tantos anos e que tão necessárias lhe eram. Suspeitava, porém, que isso não iria acontecer.

O psiquiatra decidiu-se, finalmente, a falar. Lentamente e com uma voz monocórdica e demasiado baixa para poder ser escutada sem esforço, começou a fazer-lhe perguntas. Era evidente que não ficara satisfeito com o que ouvira, querendo mais detalhes sobre a vida do grande espelho e o modo como ocupava os seus dias. Este tentou satisfazê-lo o mais completamente possível, embora não lhe agradasse devassar deste modo a sua intimidade.

Não se lembrava lá muito bem da sua infância. Apenas sabia que fora uma encomenda especial, executada com as mil precauções e cuidados exigidos pelas suas enormes dimensões. Uma vez acabado, fora de imediato instalado no seu local de trabalho, muito antes do final das obras, ajustando-se sem problemas ao espaço que lhe fora destinado. Apesar das inúmeras, e por vezes bem profundas remodelações sofridas pelo hotel, nunca fora mudado para outro lado, nem mesmo a título provisório. A sua qualidade era das melhores e nunca necessitara de tratamentos ou ajustes de qualquer espécie. Era limpo diariamente e podia gabar-se de apesar da sua provecta idade não ter falhas, zonas baças ou riscos.

A sua primeira recordação mais precisa remontava ao dia da inauguração do hotel. Lembrava-se muito bem do nervosismo e excitação que sentira nas horas de azáfama que tinham antecedido tão momentoso evento, horas essas que passara perguntando a si mesmo se seria capaz de executar devidamente as suas funções, se estaria à altura de tão importante cargo. É claro que já fora testado vezes sem conta, na fábrica donde saíra e ali mesmo, refletindo perfeitamente os operários e empregados que se apressavam nos últimos preparativos.

Só que agora era mesmo a sério. Sabia que uma imensa multidão em breve invadiria a escadaria que estava a seu cargo, dirigindo-se para as variadíssimas festas e cerimónias previstas para aquele dia. Seria necessário trabalhar sem parar durante horas e horas, tanto mais que haveria inúmeros curiosos interessados em observar de perto a parte pública do primeiro hotel de luxo da cidade.

Mas tudo correra o melhor possível naquele primeiro dia de trabalho e quando o último hóspede se retirara pudera descansar com a satisfação do dever bem cumprido. Sentia-se completamente exausto, mas em paz consigo e com o mundo.

Não se lembrava de muitos detalhes daquele dia, pois a novidade e a excitação sentidas eram demasiado grandes para isso. Mas com o passar dos tempos aprendeu a manter a calma, podendo, então, dedicar a sua máxima atenção às pessoas que o utilizavam. Descobriu que isso o divertia bastante, pois naquele imenso hotel havia todos os dias acontecimentos novos, frequentados por todo o tipo de pessoas vestidas das mais diversas maneiras. As modas iam mudando ao longo dos tempos, sendo umas mais elegantes do que outras, mas tudo era novidade para quem nunca saía dali, tendo de esperar que fosse o mundo a vir ter com ele.

A princípio limitara as suas atividades a refletir o mais fielmente possível a imagem dos clientes que frequentavam o hotel. Apercebia-se, é claro, dos sons que faziam quando se deslocavam em conjunto e do barulho, por vezes, ensurdecedor dos grupos numerosos que subiam e desciam a escadaria. Mas estes eram totalmente ininteligíveis. Nem lhe ocorria perguntar-se o porquê de tal atividade sonora, que estava muito para além das suas capacidades.

Um dia, porém, colocaram no seu patamar um painel de madeira escura, que anunciava em bem desenhadas letras brancas as várias atividades disponíveis nos diversos salões do hotel. Era um painel quadrado, bastante grande e apoiado em três pés demasiado finos e deselegantes. Estava um pouco de viés e afastado da parede, mas mesmo assim o seu conteúdo era bem visível para quem subia os degraus. O espelho não gostou muito da sua vinda, pois achava que destoava do ambiente elegante e sofisticado da bela escadaria. Além disso, cortava-lhe um pouco a visão, pois o reflexo das suas costas ocupava um dos cantos da imagem, até aí desimpedida, que era permanentemente refletida pelo imponente espelho.

A solidão das inúmeras horas em que nada tinham para fazer levou-o, contudo, a conversar um pouco um com o outro, primeiro com uma certa desconfiança mútua, depois com um entusiasmo sempre crescente. O painel já ocupara diversas posições no hotel, podendo-se mesmo dizer que passara por todos os andares e situações. Tinha, por isso, muito mais para contar que o pesado espelho, que nunca dali saíra e cuja experiência se limitava ao que se passara naquela escadaria ao longo dos anos, por muito interessante que isso pudesse ser, em particular para o historiador que o painel dizia ser.

À força de ouvir ler os anúncios que lhe eram confiados o painel aprendera, até, a entender o que diziam as pessoas, pelo menos a maior parte delas. Foi assim que o espelho descobriu que os sons emitidos pelos seus clientes tinham um significado, uma razão de ser. Encantado com a hipótese de ampliar as suas capacidades apressou-se a aceitar com gratidão o oferecimento do painel de anúncios, que se propôs ensinar-lhe tudo o que sabia a esse respeito durante o tempo, breve ou longo, da sua estadia naquele local.

O espelho era um aluno atento e aplicado, aprendendo com uma rapidez surpreendente em alguém já de certa idade e com tão pouca experiência do ensino. Por isso em breve sabia tanto como o seu mestre, embora tivesse ainda alguma dificuldade com as palavras ditas demasiado depressa ou com uma entoação mais estranha. E ainda bem que assim foi, pois o painel de madeira foi removido ao fim de poucas semanas passando a executar as suas tão necessárias funções no amplo átrio do hotel.

De novo só, o nosso herói decidiu pôr em prática os conhecimentos recentemente adquiridos, ficando imediatamente fascinado com o mundo que se lhe abria graças a esta nova habilidade. E não lhe faltavam oportunidades para testar as suas novas capacidades. Pela primeira vez apercebeu-se do imenso mundo sonoro que o envolvia permanentemente. Tantos sons diversos, tanto barulho! O silêncio passou a ser a exceção, pois mesmo quando estava desocupado havia sempre um certo ruído de fundo, que só com dificuldade conseguia ignorar. Parecia-lhe que as pessoas eram totalmente incapazes de subir ou descer em silêncio, tendo sempre algo a dizer, a comentar. Por várias vezes detetou, até, seres isolados que apesar disso falavam para o ar ou, quem sabe, lhe dirigiam a palavra.

Era realmente maravilhoso. Parecia-lhe impossível ter vivido tantos anos ignorando por completo uma parte tão grande da realidade que o rodeava, limitando a sua experiência à parte visual que, sentia-o agora, era apenas uma parcela bem pequena do todo que era este complexo universo de seres e de sons. Sentia-se imensamente grato ao painel de madeira, tão detestado de início, que lhe possibilitara este aumento de conhecimentos e, também, de distração.

Durante algum tempo limitou-se a ouvir isoladamente as palavras pronunciadas na sua presença, esforçando-se sempre por compreender as que desconhecia e que armazenava com todo o cuidado para futura referência. As frases só lhe interessavam quando precisava de interpretar novos vocábulos e não prestava grande atenção ao seu conjunto, nem ao que poderiam representar de sentimentos e emoções.

Uma vez passada a novidade, porém, dedicou-se cada vez mais a este novo aspeto do mundo dos sons, que lhe abria perspetivas desconhecidas e absolutamente fascinantes sobre as pessoas que sempre considerara como sendo apenas algo a refletir com a máxima fidelidade. E assim nasceu uma obsessão que lhe ocupava todos os pensamentos e os momentos disponíveis.

Com o enorme número de exemplares humanos ao seu dispor e a tagarelice sem fim que lhes parecia ser absolutamente indispensável, em breve se tornou um verdadeiro especialista da natureza humana. Sentia por tão frágeis seres uma atração sem limites e que o absorvia por completo. Como eram complicados! E tão diferentes uns dos outros, mesmo quando se assemelhavam fisicamente!

Uma noite, porém, ouviu uma frase que lhe desagradou e o chocou profundamente. Havia uma grande festa num dos salões e os convivas tinham-se esmerado nos trajes e joias que usavam. O nosso espelho estava encantado com as ricas imagens que refletia e recordava com uma certa nostalgia outras noites igualmente magnificentes, algumas delas já bem distantes. Um grupo de três mulheres parou, por instantes, mesmo à sua frente. Nada havia de inédito em tal facto, pois o enorme espelho estava colocado num sítio bastante conveniente para as últimas verificações e ajustes na aparência dos hóspedes. O que o transtornou, porém, foi ouvir uma delas dizer:

- Mas que espelho tão horrível! Vejam só como me torna amarela!

Apressou-se a verificar a sua capacidade de reflexão e a qualidade da imagem, mas tudo estava em ordem. A convidada tinha um tom de pele verdadeiramente amarelado, mas que culpa tinha ele disso? Mesmo assim, ficou preocupado. Parecia-lhe que, embora sem qualquer culpa direta, era ele o responsável pela tristeza e desânimo sentidos por aquela convidada. Apressou-se a afastar tal pensamento mas não o conseguiu. A imagem odiada fora da sua responsabilidade, por isso devia ser ele o culpado.

Durante os dias que se seguiram debateu incessantemente consigo próprio este problema. Fora criado para refletir o mais fielmente possível o mundo que o rodeava e sempre se sentira satisfeito por saber que o fazia com o máximo de qualidade e eficiência. Mas isto não parecia ser o suficiente, uma vez que desagradara a um dos seres humanos que tanta importância tinham ultimamente adquirido aos seus olhos.

Ainda teve esperanças de que o descontentamento que ouvira se limitasse àquela pobre mulher. Mas agora que este assunto fora trazido à sua atenção reparou que muitos outros se sentiam aborrecidos com o que viam refletido no espelho, culpando-o muitas vezes pelas suas próprias imperfeições e defeitos. Era verdadeiramente inacreditável! Como podiam os seres humanos ser tão ilógicos e injustos?

Aos poucos, porém, um sentimento de preocupação sobrepôs-se à irritação sentida perante tão infundadas críticas. Com razão ou sem ela, justa ou injustamente, estava a causar sofrimento a outros seres. E isso era absolutamente inaceitável. Tinha de começar a fazer algo para remediar tal estado de coisas.

Com base nos inúmeros comentários e frases que ouvira ao longo dos tempos tinha criado uma imagem mental bastante precisa sobre o que a maior parte dos humanos considerava uma aparência física interessante e desejável. Embora sentindo graves dúvidas a esse respeito decidiu-se a intervir no sentido de melhorar ligeiramente a imagem nele refletida pelos diversos clientes do hotel.

A sua primeira mentira teve lugar quando viu aproximar-se uma rapariga bastante deselegante, rodeada por outras bastante mais belas. A sua experiência dizia-lhe que ela iria ficar triste e culpá-lo pela diferença que não deixaria de notar ao ficar de frente para a parede espelhada. Contorceu-se, pois, um pouco nos locais certos e a imagem que nele surgiu só muito vagamente fazia lembrar o vulto da rapariga que se encaminhava para ali. Esta, porém, ficou completamente satisfeita com a sua reflexão no espelho, fazendo vários comentários sobre o bom aspeto que apresentava nessa noite.

O espelho sentiu o seu espírito ainda mais dividido. Por um lado, sabia que estava a trair a missão para que fora criado, deturpando os factos e mentindo de uma forma bastante crua e descarada. Por outro lado, era indiscutível que o seu ato causara grande prazer e satisfação. Se até aí sentira grandes dúvidas sobre o que fazer no futuro, estas só aumentaram em vez de diminuir.

Com o passar do tempo, porém, e o sempre constante acumular de modificações e alterações introduzidas nas até então fieis imagens que refletia, os seus escrúpulos foram desaparecendo. É claro que fora criado para servir os humanos e devia-lhes o máximo de fidelidade possível. A honestidade era uma coisa muito bonita, mas de que servia se só causava dor e insatisfação?

Era até com uma certa despreocupação que emagrecia daqui, alteava dali, atenuava dacolá, sempre na procura do melhor efeito possível, na tentativa de obter um resultado próximo do ideal humano de beleza. E não se pense que isso era fácil! É claro que quando tinha de lidar apenas com uma ou duas pessoas de cada vez o esforço exigido era insignificante, quase nulo. O caso era bem diferente quando chegava um grupo numeroso. Aí, sim, tinha de recorrer a toda a sua habilidade para conseguir satisfazer os anseios de todos, ou de quase todos. Era um trabalho esgotante, que exigia grande habilidade e uma atenção minuciosa aos detalhes, mas que lhe dava uma grande satisfação e a sensação de ser um verdadeiro artista.

As coisas continuaram assim durante bastante tempo. As suas funções pareciam ter mudado, embora por iniciativa própria, mas eram executadas com a mesma eficiência e qualidade de outrora. O espelho sentia-se bem, tendo deixado de se preocupar com especulações inúteis sobre a verdade e a mentira, a realidade e a aparência.

Ficou, por isso, muito surpreendido quando se começou a sentir esgotado, nervoso e em pânico. Não compreendia o que se estava a passar com ele, nem porque se sentia tão mal numa altura em que o seu trabalho corria melhor que nunca. Dava grande satisfação a numerosas pessoas e ouvira dizer, por mais de uma vez, que fazer bem aos outros era um ato desejável e de louvar. Devia pois considerar-se um verdadeiro benemérito, um benfeitor da humanidade! E em vez disso ...

Esgotado de tanto falar, o pesado espelho afundou-se ainda mais na cadeira, remetendo-se a uma meditação profunda. Solidamente instalado por detrás da sua secretária, o psiquiatra olhava-o sem nada dizer, como que esperando que o paciente chegasse por si próprio à inevitável solução do problema. Os minutos seguintes decorreram num silêncio pesado e prenhe de possibilidades. Por fim, o espelho levantou os olhos perturbados e balbuciou muito a custo:

- E se eu voltasse a dizer a verdade? ...

Não havia dúvidas. Sofria de um severo ataque de consciência!!!

Luísa Lopes

Imagem de Gordon Johnson por Pixabay 


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