Um cão latindo na noite
é sempre um cão.
Sem cor, sem nome e sem
significado
para quem o está ouvindo.
No entanto este cão
traz em seu latido,
sombras de milhões de outros cães
sintetizados
em uníssono noite adentro.
A chuva não consegue abafar
este inquietante latir,
profanando o sono dos homens
e o sectarismo estático
das coisas e dos seres.
Alguém para se ver livre
do incômodo latido
desfechou tiros na escuridão,
e a noite se arrastou em insônia.
Da boca sangrenta daquele cão morto
brotaram ruídos confusos
que invadiram as ruas e as casas,
mostrando a todos a inutilidade do ato.
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