Desde muito novo que se habituara a ouvir elogios
constantes. Descendia de uma das melhores famílias do País e nascera num bom
ano. Num excelente ano, até! A sua infância e juventude foram cuidadosamente
controladas e acompanhadas, não fosse sofrer alguma má influência que prejudicasse as suas boas qualidades e o seu
pleno desenvolvimento. Ao fim de alguns anos de conforto e carinho contínuos e
de uma educação esmerada, foi finalmente considerado apto a deixar a casa
paterna: tornara-se um bom vinho tinto, que não envergonhava em nada a marca
famosa que ostentava. Esperavam, até, que se tornasse um dos seus mais famosos
membros, trazendo-lhe um acréscimo bem merecido de honra e glória.
Das imensas caves da família transitou para uma outra,
bem mais pequena, é claro, mas igualmente confortável e completamente
apropriada à sua alta categoria. Como não podia deixar de ser, as condições
ambientais e os cuidados recebidos eram os mesmos a que fora habituado, pelo
que mal deu pela mudança.
Sob certos aspetos, estava até melhor aqui. Os seus
companheiros eram todos adultos, uns mais do que outros, é certo, mas todos
tinham ultrapassado a necessidade de tagarelice da infância, ou os caprichos,
amuos e inconsistências da juventude. Como vinham de locais e países bem
diversos, era interessante escutar a narração das suas experiências, por vezes
bem diferentes das suas. Havia, até, entre eles, veneráveis anciães, carregados
de experiência e de anos, cujas memórias remontavam a um passado extremamente
nebuloso e quase esquecido. Por isso não sentia grandes saudades da casa de
família ou dos seus companheiros de então. Limitava-se a recordar esse período
crucial da sua vida com uma certa afeição distante e uma melancolia quase
convencional.
E os anos seguintes foram passando suavemente entre
longos sonos repousantes e doutas
conversas com alguns colegas de eleição, todos eles membros de famílias
igualmente respeitadas e famosas. A cave continha, até, alguns dos seus
parentes, embora nem todos da mesma elevada categoria. Alguns eram mesmo o que
se poderia chamar de ‘parentes pobres’. Mas estes sabiam bem a fraca posição
que ocupavam e portavam-se com a humildade e o respeito apropriados.
De vez em quando abria-se a porta da cave e um dos
membros daquela tão insigne sociedade era retirado com a solenidade e o aparato
adequados a tão augusta ocasião. Era sempre um dia de excitação mal contida
para todos, em particular para os mais antigos. Quem seria o feliz escolhido?
Seria desta? Caber-lhes-ia, finalmente, a vez? Bem sabiam que os cuidados e
tratamentos recebidos desde a infância e juventude e os longos anos passados na
escuridão e sossego da cave apenas serviam para os preparar para a prova
suprema: o momento em que seriam julgados no Tribunal da Mesa.
Para isso viviam, era isso que aguardavam desde sempre. A
única razão para a sua existência era o instante final da Prova. Saberiam,
então, se havia justificação para a sua existência ou se todas as provações do
passado tinham sido em vão. O seu nome e o das suas famílias dependiam do
resultado desse exame. A responsabilidade era tremenda e a ideia de tudo jogar
num só momento, terrível, medonha, até, mas incrivelmente aliciante. Era a atração
do abismo, o pavor de falharem e de serem reduzidos a nada, que os fazia
discutir o assunto em murmúrios deliciosamente conspiratórios. Embora todos
aparentassem confiança no bom resultado da experiência, lá bem no íntimo
residia um núcleo de dúvida e ansiedade, cuidadosamente ignorado e negado para
bem da sua sanidade mental.
O nosso herói mal podia esperar pela sua vez. Continuava
a preparar-se intensa e conscienciosamente, executando diariamente os
exercícios que lhe tinham sido aconselhados pelos seus educadores e tendo o
máximo cuidado com as emoções, que só o podiam prejudicar. Nas suas conversas
mantinha um tom de voz cordato e comedido, fugindo de qualquer assunto que o
pudesse excitar ou enervar. Era sempre bem educado, respondendo polidamente aos
que com ele falavam, nem que o interlocutor fosse desagradável, ofensivo ou
decididamente detestável. Na sua posição não se podia dar ao luxo de ter ódios
ou discussões que lhe poderiam ser fatais! Tinha de manter a qualidade, de
fazer jus ao seu nome e às expectativas da família!
Chegou, finalmente, o tão ansiado dia. Retirado do seu
canto, foi limpo e cuidadosamente transportado para fora da cave. Não olhou
para trás e nem mesmo pensou em despedir-se dos outros. Embora com alguns deles
tivesse o que se poderia considerar uma franca amizade, faziam parte do passado,
e o que lhe interessava agora era a provação que se aproximava e o futuro
glorioso que o aguardava. Além disso, precisava de fazer os últimos
preparativos, de executar os exercícios prescritos, indispensáveis para a
ocasião. Era um momento solene, e como tal devia ser acompanhado do estado de
espírito apropriado.
A luz crua do dia feriu-lhe os olhos demasiado habituados
à escuridão confortável da cave, desorientando-o e incomodando-o por instantes.
Mas os exercícios de descontração aprendidos na juventude em breve deram o seu
fruto, permitindo-lhe um rápido retomar do seu já famoso domínio sobre si
mesmo. Sentia-se confiante e apto a enfrentar qualquer Tribunal, qualquer
Prova!
Mas a sua expectativa saiu gorada. Ainda não chegara o
momento, tão esperado e tão temido, de se apresentar ao Tribunal da Mesa. Não
era a sua vez de enfrentar a Grande Pergunta, de saber a resposta à Questão da
Vida. Não fora para isso que o tinham ido buscar, mas sim para o oferecerem.
Por instantes sentiu uma leve irritação, logo prontamente
reprimida. Preparar-se com todo o cuidado e afinal para nada! Mas um sentimento
de orgulho em breve se sobrepôs. Devia ser realmente muito especial para ser
escolhido entre tantos outros como dádiva! Que honra para a sua família, para o
seu nome! E que responsabilidade acrescida! Esperava não desmerecer de
semelhante prova de confiança.
As condições de transporte foram as adequadas, embora se
pudesse desejar melhor. Mas as viagens implicavam sempre um certo desconforto, facilmente
ultrapassado uma vez atingido o conforto do destino. Havia mesmo alguns
exercícios mentais que ajudavam a superar as possíveis más consequências da
mudança, evitando o aparecimento de perturbações que poderiam vir a ser fatais
a organismos tão delicados. Suportou, pois, com paciência, as atribulações
passageiras, sabendo que as esqueceria assim que se instalasse.
Ao chegar à sua nova casa, porém, sofreu um profundo
choque que quase o matou. Sem qualquer respeito pelo seu nome e categoria foi
enfiado de qualquer maneira num vulgaríssimo armário de madeira, já quase cheio
com outras garrafas de vários formatos e tamanhos. Ainda por cima colocaram-no
em pé, o que sempre lhe provocava um grande mal-estar. Ao fecharem a porta do
armário ouviu alguém dizer:
— Este é bom de mais para todos os dias. Ficará para uma
ocasião especial.
Ainda sentiu um bocadinho de orgulho ao ver-se assim
classificado e colocado à parte, mas a sua situação atual era demasiado má para
que esse sentimento durasse muito. Deixou-se, pois, cair numa melancolia
profunda, ficando durante muito tempo totalmente alheado do que o rodeava.
Passadas algumas horas, porém, a sua disciplina interior foi mais forte do que
as péssimas condições ambientais e o nosso herói conseguiu dominar a má
disposição física provocada pelo choque moral sofrido e pela posição totalmente
imprópria em que o tinham colocado. Olhou, então, pela primeira vez em torno de
si, para estudar melhor o local onde teria de passar algum tempo, possivelmente
o resto da sua vida.
O armário era bastante pequeno e estava sufocantemente
quente e abafado. Nada que se comparasse à frescura repousantemente constante
das caves que conhecera anteriormente. A porta tinha pequenas fendas
irregulares e vedava muito mal, deixando passar grandes laivos de luz. Estes
eram frequentemente interrompidos por rápidas sombras, e com a continuação este
cintilar aleatório tornava-se bastante incómodo. O teto era baixo, pouco
distando do topo da sua cabeça, o que, aliado à grande quantidade de garrafas
ali existentes, lhe dava uma certa sensação de claustrofobia. Que péssimas
condições de habitação, muito em particular para seres habituados a um certo
conforto e bem-estar!
Como a iluminação ambiente era suficientemente boa para
isso — demasiadamente boa, até — pensou em identificar os seus companheiros de
desgraça. Seria agradável ter uma boa conversa, trocar dados e experiências
pessoais, ficar a conhecer melhor o local, as condições gerais e o que poderia
esperar do futuro. Poderiam, mesmo, lamentar-se juntos, recordando com
nostalgia os bons velhos tempos passados em locais bem mais apropriados.
Foi quando teve um segundo choque, talvez ainda maior que
o primeiro: não havia um único nome decente entre eles, nem mesmo o de um
daqueles parentes pobres e vagamente desclassificados que todas as grandes
famílias possuem, embora raras vezes o reconheçam. Tudo plebeus e, a avaliar
pelas poucas frases que escutou, plebeus da pior qualidade. Autênticos
vagabundos! Verdadeiro lixo! Nunca se vira ou sequer imaginara em tal companhia!
Era totalmente inadmissível que o colocassem ali, entre semelhante gente!
Foi de mais. Os incómodos da viagem, a má posição em que
ficara e os dois tremendos choques morais que sofrera provocaram-lhe um estado
de inconsciência total, quase de coma, que durou vários dias, talvez até vários
meses.
Ao fim desse tempo, que lhe pareceu imenso, mas talvez o
não fosse, a consciência voltou-lhe pouco a pouco, ténue, a princípio, depois
clara e bem precisa. Antes o não fosse. Nas condições em que se encontrava, uma
certa diminuição das suas faculdades seria desejável, indispensável até para a
preservação da sua sanidade mental. Mas o treino que lhe fora dado na juventude
tinha sido demasiado bom, o seu autodomínio excessivamente aperfeiçoado por
anos seguidos de trabalho persistente e consciencioso. Quer o quisesse, quer
não, o seu espírito estava bem desperto e tão acutilante como sempre o fora.
A maior parte dos seus companheiros fora substituída
durante esse intervalo, embora mal se desse por isso. Os novos eram da mesma
qualidade, ou completa falta dela, dos antigos. O armário, esse, continuava tão
desconfortável como dantes, talvez um pouco pior com a habituação. Tudo estava
na mesma. A sua situação era verdadeiramente horrível, catastrófica, trágica mesmo.
Infelizmente, nada podia fazer a esse respeito, exceto desejar que a tal
‘ocasião especial’ chegasse o mais depressa possível, salvando-o daquela vida
infernal. Era uma razão suplementar, talvez a mais importante, para ansiar pelo
momento supremo da sua vida.
Com a passagem do tempo, e para aliviar a monotonia dos
dias sempre iguais e desagradáveis, decidiu tentar tirar o melhor partido
possível da situação horrível em que se encontrava. Mas poucos resultados
conseguiu obter. Os seus diversos companheiros eram realmente seres
tremendamente incultos, que tagarelavam e se querelavam sem parar sobre as
maiores insignificâncias. Não havia um pensamento mais original, uma ideia mais
profunda, uma opinião mais abalizada! E que balbúrdia permanente, que vozearia
constante!
Que saudades sentia das longas, estudadas conversas a que
se habituara na sua anterior residência. Das calmas discussões filosóficas, da
troca de experiências ou de histórias. Lembrou-se, até, com pena, do balbuciar
dos novos e das contínuas quezílias dos jovens instáveis, que tanto o tinham
irritado na casa paterna. Tudo era preferível à inanidade intelectual dos seus atuais
parceiros.
Aos poucos foi-se fechando em si mesmo, recusando
qualquer contacto com os outros. Quando algum novato tentava inclui-lo na
conversação geral, fazia-lhe imediatamente notar que considerava isso como uma
grande falta de respeito. Era um ser de qualidade para uma ocasião especial, e
não um desclassificado como eles. Ao fim de algum tempo deixaram-no em paz,
passando palavra aos recém-chegados. Não o compreendiam, mas acatavam as suas
manias e necessidade de isolamento. Até certo ponto, era mesmo respeitado,
sendo olhado como um ser estranho e exótico que ali aparecera sem se saber
como. Mas esse respeito não o consolava da tragédia atual, pois era dado por
quem tudo ignorava sobre o seu nome e categoria.
Tentava não escutar o que se passava à sua volta,
dedicando o seu tempo a especular sobre questões que sempre o tinham
interessado: o sentido da vida e a resposta à Grande Pergunta. Apesar do perigo
que isso representava para a sua sanidade mental, chegou mesmo a entrar no
campo proibido das especulações sobre o Depois, o que estava Para Além da
Prova. Em suma, a questão da sobrevivência de algo pessoal, de uma essência indetetável
que estaria acima de meras classificações de qualidade ou categoria. Mas por
pouco tempo o fez, pois o seu sentido de autopreservação era demasiado forte
para continuar num caminho que só lhe prejudicaria a saúde. Pelo menos, assim
fora ensinado.
A porta do armário era aberta com muita frequência para
retirar um dos outros, o que contribuía para agravar as más condições do
ambiente. Os seus companheiros iam sendo substituídos com grande regularidade,
mas sempre por outros com a mesma fraca qualidade física e intelectual.
Inicialmente aguardara essas substituições com uma certa dose de expectativa.
Podia ser que um dia aparecesse alguém com quem pudesse conversar, mesmo que
não fosse um gigante intelectual. Bastar-lhe-ia um único companheiro que
tivesse uma pequena inteligência e alguns, mesmo poucos, conhecimentos. Sempre
seria melhor que o habitual. Mas as desilusões foram tantas, que ao fim de
algum tempo já nem reparava nos recém-chegados, embora estes lhe fossem
imediatamente apresentados com uma certa cerimónia.
Aos poucos entrou numa certa modorra melancólica,
bastante agravada pelas péssimas condições em que vivia. A temperatura variava
continuamente durante o dia e ao longo do ano, sendo umas vezes mais baixa e
outras mais alta, mas nunca a ideal. Sentia uma dor contínua no estômago,
devido à sua incómoda posição e tonturas provocadas pelo cintilar da luz
através das fendas. E isto para já não falar na claustrofobia provocada pelo
excesso de moradores, que por momentos se tornava de tal modo intolerável que
só lhe apetecia acabar com aquela existência ignóbil, mesmo que isto
significasse a vergonha de faltar ao exame final.
Por vezes era deslocado sem quaisquer cuidados, para
facilitar a arrumação de outros, ou, o que era ainda pior, para limpeza do
armário. Nessas ocasiões tinha de aguentar a luz forte do exterior e grandes
abanões e solavancos. De uma das vezes foi mesmo agitado com tal violência, que
perdeu os sentidos durante várias horas. Acordou muito enjoado e só se sentiu
normal, ou quase normal, passados muitos dias.
O desespero atacou-o com força. Deixou as especulações
filosóficas e passava os dias a remoer o seu passado e as suas mágoas. Para ali
estava ele, sozinho a um canto, em condições que não desejaria a uma mera
garrafa de vinagre sintético. Sonhava com os confortos das suas anteriores
caves e com os seus antigos companheiros, a maior parte dos quais estaria já,
talvez, no Grande Além. Clamava contra a pouca sorte que o trouxera até ali e
lamentava os muitos anos de trabalho e de preparação, que se estavam a perder
nas condições atuais. Assustava-se com os danos que a péssima situação em que
se encontrava poderia estar a provocar no seu delicado organismo. Acima de tudo
sentia uma imensa pena de si próprio e do ruir de tudo o que lhe fora
prometido: uma vida confortável e agradável, durante a qual se poderia preparar
adequadamente para o seu destino final.
Tentava, ainda, desesperadamente manter uma certa
equanimidade de espírito, mas era difícil, muito difícil. Tudo lhe parecia em
vão. Só com grande dificuldade se decidia a executar o mínimo de exercícios de
manutenção, e nem sempre com a atenção e o cuidado devidos. A noção de que
desleixava as suas obrigações essenciais ainda agravava mais o seu já pobre
estado de espírito. Enfim, sentia-se completamente infeliz e desesperava da
vida.
Ansiava cada vez mais pelo momento de enfrentar a Prova
Suprema. Era uma maneira de acabar com a degradação corrente e não só. Estava
convencido de que nessa altura seria, então, devidamente apreciado e elogiado e
a sua qualidade amplamente reconhecida. Ao imaginar os comentários e elogios
que ouviria, sentia uma alegria fugaz que por vezes até lhe permitia esquecer
um pouco a realidade. Mas não por muito tempo.
Chegou finalmente a tal ocasião especial. Quando o
retiraram do armário, ainda pensou que fosse para a limpeza do costume. Pelo
menos os abanões e a falta de cuidado foram os habituais. Mas todos os outros
permaneceram dentro do armário, o que deveria queria dizer que estava por fim a
caminho do Tribunal da Mesa. A emoção que sentiu nesse momento foi de tal modo
grande, que, embora desde há muito os ignorasse, não resistiu em dizer aos
companheiros de armário, à laia de despedida:
- Agora, sim, vão ver o que é a verdadeira qualidade. Depois
de me provarem, ninguém mais vos tocará.
Levaram-no para um local demasiado iluminado e sentiu que
lhe retiravam a rolha, embora com muitas hesitações e recomeços. Apesar das
inúmeras provações porque passara até então e do sentimento de profundo desespero
que há muito o invadira, o profissionalismo que lhe fora inculcado na infância
veio ao de cima. Apressou-se, pois, a dar início à meditação prescrita para a
ocasião. Não foi fácil concentrar-se, no meio de tanto solavanco e abanão. Mas
conseguiu-o, o que muito o orgulhou.
Já na mesa executou os vários exercícios de respiração e descontração
aprendidos num passado que sentia cada vez mais remoto, destinados a trazerem
ao de cima o melhor das suas numerosas e variadas qualidades. Era um momento de
grande solenidade e havia muitos rituais a cumprir. Teve, no entanto, de
apressar-se, pois não lhe deram tempo suficiente para o poder fazer com a calma
e o método desejáveis.
Ouviu uma grande algazarra, que lhe cortou ainda mais a
frágil concentração, seguida de aplausos gerais. A garrafa foi erguida com
brusquidão e, sem mais delongas, o vinho especial foi atabalhoadamente distribuído
pelos inúmeros copos que avidamente se estendiam.
Infelizmente, o Grande Momento acabou aí. As más
condições em que vivera desde a mudança, os profundos choques mentais que
sofrera, o grande isolamento dos últimos tempos e a depressão em que soçobrara
tinham-no azedado, tornando-o intragável.
Foi despejado sem cerimónias pelo cano abaixo.
Luísa Lopes
Foto de Markus Spiske no Pexels
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