Os corações
quase todos
têm o amor inspirado
têm o voo destinado
as aves todas do céu
Voam sem saber
como
vivem sem saber
para quê
traçam um voo perfeito
no seu eleito
viver
Trazem asas ao nascer
abrem-nas à viração
lançam velas
à vastidão
do espaço e voam
Cumprem o destino delas
Uma asa que não voa
asa que não tem sentido
A uma ave
de que serve?
Um coração que não ama
de que serve a quem o tem?
Algum dia se encerrou
de asa ferida
magoado
Nesse momento lançou
um olhar derradeiro
ao firmamento negado
e disse adeus à vida
Coração que não ama:
asa que não voa
Ave que não cante:
coração agonizante
Joaquim Bispo
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Esta composição, desencadeada numa oficina de escrita de Conceição Garcia, em 2007, foi um dos textos selecionados para integrar a coletânea resultante do XIII Concurso Literário de Presidente Prudente — Brasil, 2020.
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Imagem: Hugo Simberg, O anjo ferido, 1903.
Ateneu, Helsínquia, Finlândia.
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