Para
nós, a terra é nua e plana.
Não há
sombras. A poesia
Mais
do que a música há de ocupar
O
vazio de um céu sem hinos...
Wallace
Stevens – O Homem do Violão Azul
Tenho
uma história sobre aquele-eu que foi para Porto Alegre, dezoito
horas abaixo, por uma pessoa. Foram alguns meses juntos para terminar
sozinho. Quatro anos passados, em nova tentativa, para terminar
sozinho. Percebi que eu queria, sim, a cidade. Voltar para os lugares
que conheci, voltar para os lugares conhecidos. Quando não tive mais
motivos para dirigir-me rumo ao sul, pensei em fotos esquecidas em um
álbum esquecido. Tentei ignorar, mas algo não foi embora. A cidade
revelou-se maior, do tamanho sincero de lembranças que não voltaram
desapercebidas. Se eu soubesse que essa pessoa tornaria-se uma
história que não traz saudade, faria tudo novamente. Pela cidade,
esta pátria, Porto Alegre. Foram poucos dias que bastaram para a
cidade permanecer memória. Eu quero andar por Menino Deus e pela
Redenção, como quem toma chimarrão. Riscar o chão, ver o
pôr-do-sol no Guaíba até marcar aquelas águas. Águas que já
foram e voltaram, novas, como da primeira vez que lá estive. O rio
não se lembrará de mim. Vou me apresentar, apertar as mãos e
seremos velhos amigos. Antes eu era um estranho, sem chance da
conversa ao pé das águas.
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