Livre
epiderme
A
mão esquerda voltou a ser o que era, livre epiderme. Um dos dedos, o
segundo, retornou ao seu estado inicial. O metal nele arranhava a
grua do ônibus, o banco e a mesa de pedra. Sempre se ouvia quando
tocava o mundo, lembrando que o vínculo era físico e sonoro. A pele
não era mais pele, era pele e metal opondo-se às coisas. Agora,
nada opõe-se ao mundo, a pele é novamente pele, única como sempre
foi. As digitais da mão estão de volta, a mão que cumprimenta,
segura, abraça, sem muita habilidade, mas com toda a vontade, agora,
de volta ao contato puro. Sem intermediação.
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