- Duzinho, deita de bruços. Tira a camisa.
- Ah, não Bia...
- Cravinhos, Du. Vamos logo. Hora de tirar cravinhos
- Tô exausto, amor. Tive um dia desgraçado.
- Conversa.
Vamos lá. Quero cuidar de você.
- Sua unha dói...
- Tirar cravinho é amor. Amor não dói.
- Devagar, Bia...
- Duzinho... não tô achando cravinho...
- Claro, você tirou todos...
- Toda semana eu tiro. Nascem de novo.
- Bia, hoje não...
- Duzinho... cadê os cravinhos, Duzinho??? Eduardo!!!!
Você tem uma amante!!!
- Que diabo é isso, Bia?
- Uma amante. Ela anda tirando seus cravinhos.
- Tá doida? Só quem tem esse fetiche é você.
- Ah, a outra não tem fetiche!?
- Que outra? Que fetiche? Tá doida?
- Eduardo! Você tem uma amante!
- Que amante? Não tenho idade nem saco nem para sexo
casual!
- Ah, admite sexo casual!!! Eduardo! Você tem uma amante.
- Amante não é sexo casual.
- Então é o quê? Traição do mesmo jeito.
- Sei lá! Que saco! Não existe amante, nem sexo
casual. Você sabe. Sou romântico.
- Então é amante mesmo. Eduardo, você tem uma amante!
- Que amante, Beatriz?
- O Peixoto tem uma amante. E você é unha e carne com
ele.
- Que é isso, Bia?! Nunca mais te conto nada.
- Então não é o Peixoto. Você disfarçou bem. Eduardo,
você é quem tem uma amante!
- É o Peixoto, sim. Eu sei a trabalheira que dá,
coitado.
- Coitado? O cara trai a Marina e ainda é coitado?
- Beatriz, o problema é deles. Já disse! Não tenho
amante.
- Então é sexo casual. Você anda por aí praticando o moderninho
sexo casual, sem
compromisso, sem cravinho, vapt vupt. É traição.
- Chega, Beatriz! E se fosse sexo casual? Não estou
aqui, dedicado a você e às
crianças 24 horas por dia?
- Ah, peguei: admite sexo casual?!!!
- Não admito nada, não tem amante, não tem sexo casual
nenhum. Quer saber, tenho
preguiça de tirar a roupa e colocar a mesma uma hora
depois, apressado, voltando
para o escritório. Além do mais, sexo só com você.
Sou resolvido. Te amo.
- Papinho mais dissimulado. Diz que não tem amante,
mas nada contra uma puladinha de cerca.
- Beatriz! Tá doida? Ou quer me enlouquecer?!
Eduardo pula da cama danado da vida. Beatriz permanece
sobre o colchão. Pernas cruzadas e pensativa, conversando baixinho consigo mesma.
- Sexo casual, sexo casual. Não tem problema, então.
Enquanto ouve o barulho do chuveiro, Beatriz pega o
celular e procura o telefone do
massagista tântrico. Aquele que a Marina disse
que era espetacular.
2 comentários:
Você sempre me arranca risadas. Imaginar a cena é o melhor. Muito bom mesmo!
Obrigado, Cinthia. E você, escrevendo seus contos ou comentando os meus, me arranca mais vontade de escrever. bjs!
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