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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Ira

não é o cuidado quem me corteja. [tens vocação ao desprezível.]
empesteio a casa com o tumulto das nervuras. meu apelo é pela surra.
confinamento de medos à beira do estrago.
ressignificado à carne em gotas de expiação. [cada qual com sua sina. aceita-te difuso.]
infame missionário a extinguir profecias.
abatedouro de fossas sem fim.
piedade que alimento na asfixia. [engula o choro. vezo de maturidade além-túmulo.]
dádiva de espasmos para saciar a besta. latir é o solstício de deus algum.
[perturbo-te em unções.]
clandestino dentro da própria casca onde o apogeu é a cicatriz.
[motive-se no desígnio da ingratidão.]
séquito de miragens avassalando os porres. arranho feridas.
o auxílio chega em ritos de utopia. [afunde tormentas no insulto.]
especulam-se nas minhas neuras o monstro ressentido.
reprimo o estouro para compensar em agrados. [renuncie o perdão.]
ovaciono a insignificância na dissociação dos caminhos. subverto lembranças.
senciente feito uma esponja de hecatombes. [absorva quem desistiu.]
renego a benzedura que me cala em vazios.
limito-me ao testemunhar a passeata dos desfiladeiros. parcimônia para o distúrbio.
metástase de um grito sucateado. [caroços acarinham a pele.]
nasceu no peito para morrer nos olhos. relicário de bordoadas.
não me perdoo pela mansidão extinguida. [possibilita abusos quando indistinto ao céu.]
recai sobre meus ombros a diacrônica cruz das apelações.
virgem alguma me pariu em alforria. [decore orações para festejar o luto.]
tenho suportado apatias com as lágrimas rasgando o silêncio.
ascendo-me pútrida estrela na vigília das exclusões. réquiem à liberdade.
margeado de cultivos que não souberam bajular tolerâncias.
quinquilharia sujeita às regras dum espelho esnobe. [sorria para a arrogância.]
quero me julgar por entre os estiletes da insolência.
estou contido na diminuta abstração dum inóspito trânsito. [vagueie no escárnio.]
usura do infinito ao desvelo.
minha carência é de infernos. 

Imagem: Hans Printz

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Bruno Bossolan
Nasci em 25 de junho de 1988 e resido em Capivari, interior de SP. Sou Cronista e Redator do Jornal O Semanário. [www.osemanario.com.br] Autor dos Livros: N(ó)stálgico (Poesias, 2011 - Paco Editorial) - Barbáriderna (Poesias, 2012 - Editora Penalux), com participação também em mais de 10 antologias poéticas. Autor da Peça Teatral “Destroços do Martírio” (apresentada no Mapa Cultural de SP na cidade de Porto Feliz – 2008/2009).
todo dia 01


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