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sábado, 2 de julho de 2016

COBRANÇA





E eis que o corvo volta à minha porta,
Cobrando-me infames promissórias.
Agora, que a infância já é morta,
Agora, que as angústias são notórias.

Invoco a esperança, que aborta
Vestígios de emoção que eu possa ter.
Também ela, como eu, já não suporta
Os naufrágios contidos no querer.

O corvo, tão maldito, traz na testa
A cicatriz que marca a sua história,
Sinal que o irmana ao jamais:

É ela quem recorda, tão funesta,
A dolorosa face da memória,
Do amor que naufragou longe do cais.

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Tatiana Alves
Tatiana Alves é poeta, contista e ensaísta. Participou de diversos concursos literários, tendo obtido vários prêmios. É colaboradora da Revista Samizdat, já tendo escrito para os sites Anjos de Prata, Cronópios, Germina Literatura e Escritoras Suicidas. É filiada à APPERJ, à Academia Cachoeirense de Letras e à AEILIJ. Possui nove livros publicados. É Doutora em Letras e leciona Língua Portuguesa e Literatura no CEFET / RJ.

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