Dentre as
principais operações matemáticas, considero a subtração a mais perversa. Além
dos aspectos negativos – é um sinal de menos
o que a caracteriza –, ela contém em si a retirada, a falta, a ausência. Nem mesmo
a divisão, que, para alguns, seria uma subtração potencializada, soa tão mal.
Afinal, a divisão pressupõe distribuição igual e justa, muitas vezes com
direito a resto. Adição e multiplicação são naturalmente vistas com uma conotação
positiva, pois ambas pressupõem acréscimo, união, potencialização,
fortalecimento.
Voltando à
subtração, ainda que alguns possam argumentar que, dependendo daquilo que
esteja sendo subtraído, haveria nela aspectos positivos, a subtração – ou movimento para baixo, para menos, para aquém –
contém em si a perda. Estará o minuendo feliz e de acordo com a retirada de parte
de si? Ou viverá, até o fim de seus dias, resignado e incompleto, como alguém
alijado de si mesmo, numa metáfora da condição humana?
Filosoficamente,
a subtração é, sem dúvida, a mais melancólica das quatro operações. Em uma
ciência que tem na incógnita a sua maior expressão, e que busca, de forma
incessante, na racionalidade de seus argumentos, conceituar com suposta
exatidão os números naturais, como lidar com a existência de um conjunto vazio,
em um mundo de interseções e uniões? Como encarar o sentido da existência
quando se é menor do que zero? Ser um zero à esquerda, sentir-se fracionado,
buscar a unidade, ainda que isso signifique ser elevado à potência zero, pode
ser uma aventura para poucos.
Que a
parábola seja apenas a expressão gráfica de uma trajetória que cabe ao ser
conduzir, ainda que isso exija dele uma guinada de 180º.
Saber a hora
de ser agudo e assertivo, ou a de parecer levemente obtuso, pois as verdades
nem sempre cabem em um ângulo reto, talvez sejam estratégias eficazes. Pode ser
ainda que o segredo esteja em conviver harmoniosamente com as quatro operações,
numa corda-bamba que pode fazer a diferença entre simplesmente estar em
evidência ou tornar-se um produto notável. Provar de forma cartesiana seus
valores e opiniões, algo a ser conquistado, ainda que isso por vezes inclua
subtrair, sem medo ou necessidade de prova real.
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