Os amigos que se dão ao trabalho de me ler sabem que não sou dado a crônicas,
mas histórias ficcionais, onde criaturas e situações são filhas das invencionices
com a pretensão de criar algo que pareça real ou surreal. Mas diante da conjuntura
que se esfrega ao nosso nariz, impossível não a inalar tal fumaça, correndo o risco
de ser percebido alienado e tolo como afrodescendente com transtornos mentais daquele
samba imortal. Falei certo? Politicamente correto? Sigamos. As certezas, dúvidas e
incertezas, os fatos e contra fatos, os caminhos e descaminhos do Brasil atual
são tantos e variados que fica difícil se manter num prumo equilibrado imune às
emoções e razões. Claro que tenho minhas preferências conscientes, muitos sabem, já me
manifestei em palavras próprias, compartilhando pensamentos com os quais me identifico
e tomando sol e chuvisco na cabeça. O balanço que faço da corda bamba que atravessa
esse desfiladeiro de geleia fervendo lá embaixo, são as expressões do bom humor que
começam a surgir aqui e acolá, nas esquinas, nas mesas de bar, nas redes sociais,
em contraponto às agressões e defesas insanas e mal-educadas de pontos de vista de
todos os lados. Bom sinal. É preciso seguir a vida. A paralisia da política e da economia
não pode estatuar o brasileiro, no que ele tem de mais criativo e jeitoso para enfrentar
adversidades. Melhor assim. Seja como o Brasil vai se desmeter do que se meteu,
torço sempre pelo bom humor como construção de cultura e expressão pacífica.
A saber o que andei pinçando: “Fulana está tão malvestida, deselegante como uma conversa
grampeada do Lula. ” Sobre a mesma Fulana: “Ela está desesperada por que acha que sua Bolsa
Louis Vitton Família está ameaçada. ” “A única indústria próspera no Brasil é a de panelas”.
Ainda sobre o panelaço: “A ex Primeira Dama, tão discreta, resolveu revelar onde se
deve guardar panela. ” Outra: “Felação Premiada é instrumento da Operação Leva-Jato”.
Há muitas bobagens boas voando por aí e provoco o leitor a inventar ou registrar também.
Mas uma me parece imbatível:
“Meu temor por uma guerra civil é que nossa Guernica seja pintada pelo Romero Britto”.
Medo. E assim me despeço.
domingo, 20 de março de 2016
por José Guilherme Vereza
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