A mulher –
uma bruxa, na visão
das pessoas da aldeia
– vivia sozinha no meio
da floresta havia muitos
anos. Saudosa
de uma época em
que seus
conhecimentos eram respeitados – e ela
reverenciada como uma sábia –, preferia ignorar o progresso
da vida civilizada e mantinha-se reclusa
no bosque.
Numa noite
de tempestade, um
viajante que
aparentemente se perdera na estrada veio bater à porta. A velha, desacostumada a visitas
noturnas – se já era
temida durante o dia,
à noite então
ninguém ousava mesmo se aventurar
no bosque, sobretudo
na décima terceira
lua cheia do ano –, abriu a porta
como se já
aguardasse há muito o estranho e melancólico hóspede.
Saudaram-se respeitosamente e
olharam-se nos olhos,
até que
a velha resolveu falar:
– Dessa vez
você demorou. Já
estou pronta.
Deu o braço
ao homem, e juntos
caminharam até se perderem nas brumas da floresta.
Quem os visse comentaria talvez a estranha
alegria da velhinha encarquilhada que sorria, como
uma criança, na companhia
da criatura que
trajava um manto
negro e trazia, na mão
esquerda, a foice
com que
ceifava o tempo.
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