(por Lohan Lage)
Você fez casa em mim.
Você fez casa em mim.
Aconchegou-se no terreno do meu coração, até então revolvido por ilusões movediças e erosões fora de hora. Regou com sorrisos tímidos e olhares esquivos que, aos poucos, fundiram-se aos meus. Alicerçou suas emoções e plantou, na fachada do coração, a semente da planta que rege a vida: o amor. O jardim floresce a cada dia. A casa se amplia em muitos cômodos – descobertas, felicidades e inevitáveis dissabores, os quais, vez ou outra, exigem pequenas reformas com diálogo e cumplicidade. Não há rachadura ou infiltração capaz de desmoronar uma construção tão sólida, fincada na mesma terra de onde brotou o amor.
Você invadiu o telhado dos meus pensamentos; dias de chuva, dias de sol, lá está você, protegendo-me com tua lembrança. Eu, latifúndio de nada, hoje sou propriedade de tudo. Não há chão em meu ser que não tenha registrado tuas pegadas. Não há vazio, nem preto e branco. Você se apossou, soberana, de cada pedaço meu. A chave está em tuas mãos. Tranque por dentro e jogue-a fora. Permita-me não mais uma mera casa; tornemos nossa união um lar. E que, preso à chave, carregue consigo esta aliança. Sejamos intrínsecos. Que a escritura deste lar seja legítima, diante da lei de Deus e dos homens. E que no fim, embora jamais tenhamos fim, já não haja mais quintais em nosso lar que caibam tanto amor, tantos frutos, tantas pegadas. Façamos, nós, morada no infinito.
Comentários
Postar um comentário