― Sr. Ivan Lins...
― Sim? Voce que é o...?
― Loureiro...
― Loureiro...?
― Do ensaio da Mangueira, o senhor lembra?
― Ah, claro... aquele Loureiro!
― ...
― E aí, meu jovem, o que eu posso fazer por você?
― Gostaria de tirar uma foto com o senhor... Acabei de
assistir ao show, que, aliás, foi maravilhoso!
― Que bom que gostou. Vamos à foto, então...
Desculpe-me, leitor, pois aqui tenho que interromper a
narrativa para confessar algo terrível: o diálogo acima jamais aconteceu.
Sim, em 2009, estive em um show ao vivo de Ivan Lins,
em uma casa de espetáculos chamada “Blue Note”, em Tóquio.
E, sim, vibrei e cantei ao som de “Abre Alas”.
Mas, não: infelizmente não consegui encontrá-lo.
Quando o compositor saiu para descansar e preparar-se
para a segunda parte da apresentação (infelizmente, nosso ingresso somente
valia para a primeira), até procurei por ele, brasileiramente, na esperança de
uma foto. Em vão, tentamos driblar a segurança; até que uma trabalhadora do
clube, desconfiada, aproximou-se e indagou:
― Vocês acaso são amigos do cantor?
Foi então que minha esposa, para desespero daquele que
vos escreve, respondeu:
― Não.
Fim de papo. Para consolo, ficou a capa do CD para que
Ivan Lins autografasse ― o que, de fato, recebemos conforme o prometido.
Quanto a mim, restou a sensação de que, se minha
esposa não tivesse sido tão japonesamente sincera em sua resposta à atendente
do clube, o diálogo que abre esta crônica bem que poderia ter existido.
Ou não.
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