Quanto mais
conheço o mundo , mais
penso nos
saudosos e até
ingênuos vilões
que povoavam a minha
infância . O Dick Vigarista ,
por exemplo :
ele sabotava as corridas ,
mas todo
mundo sabia que
ele era
vilão . Não
enganava ninguém . E seu
cúmplice era
tão-somente um cachorro
rabugento que
ria e resmungava enquanto
assistia às atitudes desonestas do dono . Não havia
toda uma máfia
tramando acidentes para
tirar um piloto de cena ,
para outro da
equipe vencer .
E a pobre
vítima , Penélope Charmosa ?
Sua futilidade
era só
a do estereótipo loura / burra , em tempos ainda
politicamente incorretos , guiando um automóvel cor-de-rosa . Um pouquinho fresca ,
talvez , mas
nada comparado às vazias e anoréxicas
Barbies de agora .
O que
dizer do Esqueleto, coitado ?
Vilão , mas ,
apesar de ser
até um
tanto musculosinho, que
chance teria num combate
com o turbinado He-Man, de uma
masculinidade ressaltada pelo duplo
epíteto , e que
ainda sacava daquela fálica espada , proclamando, de forma
machista , a sua
supremacia ? Invocando os poderes de
Greyskull, ele tinha
a força .
Quando sua
irmã, She-Ra, surgiu, ela invocava a honra de Greyskull, reforçando a ideia de que
à mulher cabia a honra e ao homem , o poder .
E
a equipe do Scooby-Doo, então ?
Clichê puro :
Fred, o líder atlético e vaidoso ; Daphne, curvilínea
e burrinha , e Velma, a nerd de óculos
grossos a quem
cabia apenas o lado
intelectual do mistério .
Mas,
nessa história toda ,
ainda prefiro o Salsicha
e o Scooby: eram gulosos , medrosos , divertindo nossa
infância e mostrando, no fim das contas ,
que os verdadeiros heróis
não precisam ser
perfeitos .
Esse texto é uma ode à antiperfeição! Bonito e verdadeiro. E saudoso.
ResponderExcluirSuas palavras são sempre muito bem-vindas, querida. Obrigada!
ResponderExcluir