No dia 26 de outubro de 2014, data do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, o Japão também foi às urnas para escolher prefeitos e vereadores.
E aqui cabe o primeiro diferencial em relação ao pleito em terras tupiniquins, onde as disputas eleitorais viram duelos dignos dos mais violentos filmes de faroeste: o voto na Terra do Sol Nascente não é obrigatório. De tal modo que, em dia de eleições, poucos são os que se habilitam a sair de suas casas para escolher os representantes políticos. Mesmo porque os japoneses sabem que, ao final, o que está em jogo são somente os interesses dos partidos majoritários ― o Partido Liberal Democrata (o Jimin-tō) e o Partido Democrático do Japão (o Minshūtō). E esses, caros leitores, não diferem muito nem entre si nem em relação a qualquer outro partido político do mundo em seu primordial objetivo: o Poder. Então ― reflete o sábio japonês ―, para que gastar sapatos indo votar em um bando de oportunistas? Fazem bem.
Quanto a este brasileiro que vos escreve, após haver votado no Consulado-Geral de Tóquio, resolvi acompanhar minha esposa, cidadã japonesa, até a escola onde ela votaria ― e testemunho que ela se locomoveu menos pelo sentimento de dever cívico do que pelo necessidade de ir ao supermercado (que ficava próximo ao local da votação).
Ao caminho ― e para que o leitor tenha uma ideia da importância das eleições na vida social nipônica ―, encontramos apenas um outdoor com os nomes e as fotos de todos os candidatos. Foi então que, curioso, perguntei a minha esposa em quem votaria para prefeito. E ela, dando de ombros, respondeu-me:
― Sei lá, em quem você acha que devo votar?
Para ajudá-la, então, sugeri o que me pareceu mais confiável (conclusão a que cheguei fazendo mentalmente um “mamãe-mandou-eu-escolher-esse-daqui”):
― Que tal o Tanaka?
― Qual deles?― indagou-me, em contrapartida, a amada consorte.
E com toda a razão ela o fez: pois, naquele instante, lendo mais atentamente, dei-me conta que os dois candidatos a prefeito tinham o mesmo sobrenome.
Não dispondo, porém, de muito tempo ― eram quase cinco da tarde, e, no supermercado, sabíamos, as filas seriam bem maiores que as da votação ― decidimo-nos logo pelo Tanaka número dois... e fomos às compras.
Legal a história... e dá-lhe supermercado... melhor mesmo ir às compras já que existem tantos Tanakas por aí... parabéns... abração
ResponderExcluirCrônica bem-humorada e lúcida sobre o processo eleitoral no Japão, que não difere muito das eleições no Brasil no quesito "em quem votar". Andamos cada vez menos motivados a escolher nossos representantes, que, na verdade, não nos representam. Não seria a hora de tomarmos as rédeas nas próprias mãos para mudar o status quo? Que ninguém se iluda, não há salvador da pátria...
ResponderExcluirUm abraço, Angela Fonseca
Obrigado, Gera, pela leitura. E vamos as compras! Abracao, amigo.
ResponderExcluirObrigado, amiga Angela, pela leitura. De fato: hora de tomarmos uma atitude - basta de sermos saqueados e enganados. Abracos, amiga.
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