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domingo, 3 de agosto de 2014

O POETA E A GUERRA



O POETA E A GUERRA

Em memória das vítimas palestinas de Gaza

Quando o poeta
foi à guerra,
não levou
a churrasqueira
Gengis Khan,
nem acampou
nas colinas
de Golã.

Quando o poeta
foi à guerra,
não encontrou
Napoleão
de quatro,
nem Hitler
disfarçado
de Chaplin.

Quando o poeta
foi à guerra,
não atravessou
a Faixa de Gaza,
nem detonou
os mísseis
da Naza.

Quando o poeta
foi à guerra,
lutou a
drummondiana
luta vã
e mutilou
(com um único
e certeiro golpe)
a palavra
malsã.
   
Agora,
sem as duas
primeiras letras,
a guerra,
enfim,
faz sentido,
pois está
incompleta.
  
E o verbo
dela parido
diz muito mais
sobre quem
a faz.



Edelson Nagues


Brasília, 29 e 30/5/2014. 

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Edelson Nagues
(nome literário de EDELSON RODRIGUES NASCIMENTO) é natural de Rondonópolis/MT e radicado em Brasília/DF. Estudou Direito e Filosofia, com pós-graduação em Língua Portuguesa. É poeta, escritor, revisor de textos e servidor público. Na década de 1980 e início da década seguinte, em seu estado de origem, atuou na área musical, como vocalista e principal letrista do Grupo Reciclagem, tendo participado de vários festivais universitários e de festivais regionais e nacionais da Caixa Econômica Federal, obtendo diversas premiações, inclusive como intérprete e letrista. Na época, funcionário da CEF, atuava como representante do então recém-criado Conjunto Cultural (hoje denominado Caixa Cultural) em Mato Grosso. Premiado e/ou selecionado para coletâneas em vários concursos literários, entre os quais se destacam: Concurso Nacional de Poesia “Adilson Reis dos Santos” (2012, Ponta Grossa/PR), XXXIII Concurso “Fellipe d’Oliveira” (2011, Santa Maria/RS), Prêmio Prefeitura de Niterói (2011), XXI Concurso Nacional de Contos “José Cândido de Carvalho” e XII FestiCampos de Poesia Falada (ambos em 2011, Campos dos Goytacazes/RJ), Concurso Novo Milênio de Literatura (Vila Velha/ES, 2010), IV Concurso Nacional de Contos do SESC-Amazonas (2010, Manaus/AM), VI Desafio dos Escritores (Brasília/DF, 2010), XL Concurso Literário “Escriba” (Piracicaba/SP, 2009). É autor dos livros Humanos (coletânea de contos premiados) e Águas de Clausura (de poesia, vencedor do X Prêmio Livraria Asabeça), ambos publicados pela Scortecci Editora. É membro correspondente da Academia Cachoeirense de Letras (de Cachoeiro de Itapemirim/ES) e mantém (ou tenta manter) o blog pessoal www.senaoescrevodoi.blogspot.com.
todo dia 03


3 comentários:

Li seu poema e o reli com lágrimas nos olhos, Edelson. E quando um poema é capaz de me comover assim - eu que não me comovo com quase mais nada - é porque o poeta que o criou é grande. Um poeta como raros hoje em dia. Parabéns!!!

agora – ag = ora
guerra – gu = erra

ora, perfeito! bravo, poeta!

Mto obrigado, Cecilia e Baltazar, pela leitura e pelas palavras sempre generosas. O olhar de poetas sensíveis e talentosos como vcs enriquece meu poema. Abraços (Ah, tentei publicar este comentário antes, mas não consegui.)

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