O POETA E A GUERRA



O POETA E A GUERRA

Em memória das vítimas palestinas de Gaza

Quando o poeta
foi à guerra,
não levou
a churrasqueira
Gengis Khan,
nem acampou
nas colinas
de Golã.

Quando o poeta
foi à guerra,
não encontrou
Napoleão
de quatro,
nem Hitler
disfarçado
de Chaplin.

Quando o poeta
foi à guerra,
não atravessou
a Faixa de Gaza,
nem detonou
os mísseis
da Naza.

Quando o poeta
foi à guerra,
lutou a
drummondiana
luta vã
e mutilou
(com um único
e certeiro golpe)
a palavra
malsã.
   
Agora,
sem as duas
primeiras letras,
a guerra,
enfim,
faz sentido,
pois está
incompleta.
  
E o verbo
dela parido
diz muito mais
sobre quem
a faz.



Edelson Nagues


Brasília, 29 e 30/5/2014. 

Comentários

  1. Li seu poema e o reli com lágrimas nos olhos, Edelson. E quando um poema é capaz de me comover assim - eu que não me comovo com quase mais nada - é porque o poeta que o criou é grande. Um poeta como raros hoje em dia. Parabéns!!!

    ResponderExcluir
  2. agora – ag = ora
    guerra – gu = erra

    ora, perfeito! bravo, poeta!

    ResponderExcluir
  3. Mto obrigado, Cecilia e Baltazar, pela leitura e pelas palavras sempre generosas. O olhar de poetas sensíveis e talentosos como vcs enriquece meu poema. Abraços (Ah, tentei publicar este comentário antes, mas não consegui.)

    ResponderExcluir

Postar um comentário