I
proponho-te
devassar o além
tencionado sob a fundição
dos nossos sexos
eriçados
rosá-la
no explícito orgasmo
do irrefutável sacrilégio
apiedando-te de quatro
- sacrificar o fôlego
no desterro dos vaivéns -
desenfreio-me à entrega
do análgico gemicar
na homogeneização
das delícias
- escopo arejado do delírio -
comungá-la abrigo
na impossibilidade esboçada
da catártica combustão
II
transpiro
em
cerimoniais vigílias
o
acético vandalirismo
para
incendiar
a
congênita essência
nas
labaredas do seu grelo
-
enluaro-te o bojo
desenraizando
gorjeios -
pelas
intermitentes renovações
de
cada solilóquio
mantenho
a ideia fixa
de
que há mais
de
você em mim
do
que qualquer outro
esplendor
cósmico
-
decifrá-la em melodia -
o
bálsamo substancial
perfaz-te
a lenda
encerrada
nos adornos
dos
anjos caídos
decruo
sua boceta
na
serena permanência
da sacra depravação
-
reverencio-te o riso -
pândego
por subjetivá-la
em
néctar pagão
endiabro
a onírica trepada
no
abundante estímulo
indecoroso
roço
o caralho
na
via indômita
das
suas fixações
III
-
ardência inaclimável -
desponto
no seu barulho
feito
um Sátiro aturdido
resvalando
pelas curvas
a
avinagrada transpiração
desmembro-te
a pose
no
agudo abocanhamento
em
contínuo alvoroço
num
mantra circunstante
-
libação às suas meiguices -
do
enflorado arrebol
nas
fibras cardíacas
entalho-me
íncubo
até
que a submissão
seja
uma dádiva pelejada
deparo-me
com
o fértil regalo
orvalhando
os sentidos
envolvo-te
na
migratória cornucópia
dentro
dos inebriados
instantes
deflagrados
em
meu sigilo
-
goto hemático -
jorrando
o sêmen
da
solicitude impalpável
violento-te
o pudor
antes
mefítico pelo desarrimo
-
utopia esganiçada -
carrego-te
nas asas
mendigando
uma cruz
que
abdique o antro
pelo
fastigioso voejar
IV
persigo
sua inquietação
de
Afrodite remendada
contorcendo-me
para
lhe arrancar a baba
dos
delicados lábios
com
o tesão hermético
de
sádicos arrojos
lavra-me
o falo
apetecendo
tragar o íntimo
submerjo
nos seus gametas
pela
adoração ao santuário
onde
se prostram incabíveis
minhas
vulcânicas ferroadas
ofereço
ao espírito
a
facínora manha
que
é fiel à pureza
em
receber o desgarro
-
incorporo Pã -
ceifo
os peitos
de
Ninfa infatigável
com
a canalhice amolada
nos célebres pecados
desfiro
o apego
com
a impudica língua
lambuzando-te
a
fonte do recato
derramo
sobre ti
o
indulgente rumorejo
da
confortante saliva
que
arremeda
milagres
crepusculares
deliciando-te
no ritual
de
frenética repetição
embriago-me
na maciez
do
jardim escancarado
-
esfomeado me assevero
antecipando
o bote
na
lúbrica veleidade -
desabrocho-te
inundação
na
conduta polimórfica
de
bruxo-caipira-errante
-
Logos implodido
em
enfurecida incisão -
vergo-te
num
brando murmúrio
para
cravar no sacrário
o
tácito batismo
a
frutífera nudez
escorraçada
do paraíso
cerca-nos
em ternura
unifica-nos
na
ambígua arrebentação
de
entrega prolixa
-
ameno sortilégio -
fluo
no seu ventre
infinitando-a
em
cerúleo arrebate
-
vontade em deleite
firmada
pela completude -
na
dicotomia do regaço
a
tecedura das preces
em
incólume inerência
troveja-nos
em zelo
-
Lux et Nox -
V
-
arbítrio esquizofrênico -
incito
o anoitecer
nas
paragens epidérmicas
entoando
seu nome
sorvo
devorá-la
em devoção
à
animalesca reminiscência
cercam-nos
os
tangíveis espantos
vociferando
imantações
no
fulgor da trepada
em
grácil acuidade
a
proximidade corrosiva
ascende-nos
um
mitigativo beijo
anárquico
-
relampeia o júbilo
no
colapso diagnosticado -
os
cuidados
da
minha heresia
revelam
o alvorecer
no
áureo abrigo
onde
te nino
em
profundíssimo apego
martirizo
te foder
sobre
a paradisíaca máscara
de
encarniçada cadela
VI
-
pandêmico tônus -
subsidiando-me
influxo
perturbado
rogo-te
o verdejante
alento
argiloso
vocifero
no obsceno
pedestal
das adorações
-
pesteio-te súplicas -
coreografe
as alucinações
pelos
inconsequentes prolapsos
da
minha via-crúcis
expila
ao fôlego
as
imoralidades contritas
na
galáxia acarinhada
-
não me basto
nas
colorações do brio -
inquieta-me
o átimo
na
síntese
do
que permeia
dentando
a fluidez
- ebulição figurativa -
em indulgência cristalina
crepito
os desvarios
acometendo-me
salutares
tormentos
debulho-te
precipício
feito
uma estrela pungente
confinada
na polpa
-
avigorada fonte
de
escândalos -
concedo-me
o tesão
de
surrá-la em fulgência
pelos
ecos da luxúria
VII
sanguifico
ao meu inferno
a
compulsão
de
perpetuamente
enflorá-la
em malícias
sandalino
é
o perfume
que
te cora
na
incoercível inocência
escarnifico
no seu riso
os
sargaços de Perséfone
por
ser um lunático
estatelado
em
ti
ébrio
imprudente
apeteço
ungir
o
diáfano tumulto
untá-la
o dorso
com
o gozo exaltado
da
entrega secular
nas
rijas incursões
sobre
o lancinante
protoplasma
exasperar
nas contraturas
dos
trejeitos
vadiar
em convulsões
pelas
lascivas armadilhas
duma
hipertermia consentida
-
sôfrega tarântula -
nos
melindres da boemia
arreganhar
a sua bunda
em
graciosa perversão
vará-la
a
monástica sanha
em
hipnóticos
encruamentos
-
bicho indócil -
extinguir-me
nas
suas presas
até
nunca mais
ter
a vida revelada
na
vivissecção seráfica
-
atesta a liberdade
do
rútilo magnetismo
que
dantescamente mescla
a
nossa transitoriedade
primaveril
-
nossas
coruscas
minuciam
os amparos
de
um inextinguível feitiço.
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