Poemas escritos durante a leitura de 'O mito de Sísifo' (A Camus) que publico agora pelo centenário do pensador.
EXPULSÃO
02/2011
Não me recuperei
do trauma
de ter nascido.
VERSOS LIVRES E UM NÁUFRAGO
02/2011
Um ar aquoso
toma-me
os pulmões
e vaza pelos olhos
e nem se quer me dou conta e vou
morrendo
assim mesmo
como que a escrever um poema
ou a ser tragado pelo ar ressacado.
ABSURDO
02/2011
Uma pedra imóvel.
E tão absurda quanto
pedra parada,
a água escorre
pelo declive.
Um homem procura novamente o amor e novamente o amor
um homem não chora no velório da mãe
um homem fica levemente contrariado ao se transformar em uma mosca
Talvez a pedra role por si
ou a água empoce antes do lago,
pois um homem se demoliu e escreveu um poema.
Do Livro/SITE NOSTÁLGICO . Fotografia: Wellington Souza/ Pinacoteca do Estado de São Paulo
2 comentários:
Muito belos! Ainda mais o "Expulsão". Desse trauma também não me recuperei... Ser expulso, expelido... Bravo!
certamente o maior trauma, Mario! obrigado pelo comentário!
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