Um poema de Charles Marlon

Work in progress



Os dias passam arrastados
e
pesam nos pés de cada
(mal dado)
passo. A vassoura de

palha submerg-
ida na cor morta da
folhagem. Cismando
so-
zinho

esbarro nas grandes grades do coreto,
onde
cor-
ríamos muito e
onde
um dia me disseste:

- Rápido, teu avô...
De repente, ao deleite do acaso, a pele perde
muito de seu calor e se ouriça para dar combate ao vento
e o
som do sinal da fábrica vem avis-
                               ar
que já são seis horas
outra vez. Outra vez

a secura do vento virulento vem
fustigando como quem quer cortar-
me a
vida. Os faróis dos carros se acendem,

há um poste sem luz sobre a cabeça da menina,
na esquina logo enfrente, há qualquer
tumulto de gente. O fogo

do semáforo me rouba o foco
e
parado, quase pen-
so:

- Pra onde é mesmo que
               eu
         ia?



Charles Marlon, in Poesia Ltda, Editora Patuá.

Comentários

  1. Rafael, que poema! Que beleza de versos e... e... Ah, estou sem palavras! Conhecerei o autor! Grande abraço!

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