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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Intragável



Ele abriu o novo tablete e colocou sobre os restos da manteiga velha que resistiam no fundo da manteigueira, já arados pela faca de serra. Sabe-se lá há quanto tempo vinha fazendo isso.

Ela tentou comer, mas deixou a torrada no prato e o afastou sutilmente em direção ao centro da mesa. Tentou distrair-se lendo o jornal, mas ao tentar virar as páginas sentia como se estivesse com as pontas dos dedos oleosas, rançosas.

Quando ele levantou, já atrasado, e tentou beijá-la, o afastamento brusco, com o rosto virado para o lado, foi inevitável. O casamento acabou, de fato, naquele instante.



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Rodrigo Domit
Nascido no Paraná e atualmente morando no Rio de Janeiro, Rodrigo Domit é graduado em Comunicação Social e escreve contos e poesias desde 2003. É coautor do livro Vem cá que eu te conto (2010) e autor do livro Colcha de Retalhos (2011). Entre outros certames literários, já foi selecionado nos concursos Luiz Vilela (Contos - 2007), Helena Kolody (Poesias - 2008 e 2009), Prêmio Nacional SESC (Livro de Contos - 2008) e Prêmio ler&Cia - Livrarias Curitiba (Contos - 2011); Além destas classificações, foi 1º colocado nos concursos: Machado de Assis - SESC-DF (Contos - 2011), Prêmio Cidadão (Poesia - 2011), Concurso Literário de Suzano (Poesia - 2012) e Prêmio Utopia (Livro de Contos - 2010). Colabora na produção e seleção de conteúdo para o jornal Algo a Dizer e mantém publicações mensais no jornal Sobrecapa Literal e neste espaço da revista Samizdat. Além disso, administra o blog Concursos Literários, onde são divulgados certames literários de todo o Brasil, de Portugal e de outros países lusófonos.
todo dia 27


2 comentários:

Rodrigo, gostei muito do conto. É quase uma fotografia, uma pequena filmagem de um instante tão tocante e entristecedor... Consegui entrever os raios de sol entrando pela janela e tentando, sem êxito, iluminar os rostos sombrios... É duro que as pessoas deixem de gostar das outras. Mas a vida tem disso, brinca com a gente, assim como nós, detesta o tédio. Gostei demais do conto, meu caro. Abraços!

A manteiga foi apenas um dos ranços na vida daquele casal, né?
Gostei.

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