PERDENDO-ME EM LONDRES
Não gosto de mapas. Quando viajo pela primeira vez a uma cidade, prefiro simplesmente caminhar ao léu; pois acredito que, desse modo, posso descobrir, fora das rotas turísticas, lugares igualmente maravilhosos. Ainda que, paradoxalmente, escolha sempre um local conhecido para iniciar minhas andanças: Umeda, em Osaka; Praça da República, em São Paulo; e, no caso de Londres, como não podia deixar de ser, o Big Ben.
A famosa “torre do relógio” é visualizada tão logo se saia da Estação de Westminster – e imagino o calvário de quem trabalha nas redondezas, tendo que deparar-se, todos os dias, à saída da estação, com uma legião de turistas, fotografando e atrapalhando o caminho do cidadão britânico. Mas, como a timidez não é um de meus atributos, continuei a pedir a quem surgisse pela frente para que me fotografasse, tendo como pano de fundo o acima referido Big Ben, a estátua de Churchill, a Abadia de Westminster... enfim, tudo que parecesse historicamente britânico (numa dessas, confundi-me e, perguntando ao meu fotógrafo quem era o grande vulto inglês eternizado no monumento, ele respondeu-me: “Mandela...”).
Na famosa Abadia de Westminster, “preferi” não entrar. E por duas razões: a multidão que lá estava (sim, sou agorafóbico) e o preço (oitenta pounds?... No, Sir!). Mas a simpática Igreja de St. Margaret, no mesmo terreno, foi uma grande recompensa espiritual: lá, uma princesa foi sepultada, e Churchill (ele, de novo!) casou-se. E foi nesse templo que orei e fiz um pedido; como costumo fazer quando visito uma igreja pela primeira vez.
Saindo de St. Margaret, continuei minha peregrinação: almocei em “St Stephen’s Tavern”, o pub onde os políticos ingleses costumam encontrar-se, e iniciei minha caminhada rumo ao Palácio Buckingham, atravessando da Ponte de Westminster até a Ponte Hungerford (entre elas, podemos visualizar o recente London Eye (o “Olho de Londres”))...
E foi exatamente ao descer de Hungerford que deparei-me com a primeira surpresa: um modesto edifício – até bastante escondido, achei –, cuja pequena placa anunciava, numa tradução aproximada: Aqui viveu o Poeta Heinrich Heine... Só naquela frase, pensei de imediato, a viagem já havia valido a pena.
Dessa forma, entusiasmado com a descoberta, decidi continuar minha desnorteada caminhada em busca de mais literatura. E não me arrependi: pois, ainda na mesma tarde, meus irrequietos sapatos me levariam a Baker Street...
Mas essa já é uma outra história, meu caro Watson.
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4 comentários:
Ah, que pena Edweine! Já me via andando por Londres e na Baker Street quando você interrompeu a história, rsrs... Mas, você escreve bem, hein, amigo? Parabéns. Aguardo o próximo passeio.
Obrigado, Cecilia. Isto que e bom: deixar o leitor ansioso pelo proximo capitulo (e muito satisfatorio para o autor). Obrigado, amiga, pelas palavras. :)
Acho que você vai precisar lançar um livro "Minhas andanças pelo mundo" ou algo assim. Você sabe que te conheci nas crônicas e acho você um cronista de primeira, linguagem clara, atraente, que convida o leitor e faz o leitor se sentir lá, junto com você. Ando matando a saudade do Edweine cronista! Adorei a chega a Londres e esta de hoje. Esperando pela sua Baker Street!
Obrigado, amiga Cinthia. Adorei o titulo sugerido. Estou tentando aos poucos voltar as cronicas. Voce e uma luz inspiradora para mim, querida amiga. Beijao no coracao e obrigado pelo carinho.
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