Boneca de pano da
infância
Recheada de macela
E minhas mazelas
pareciam ter fim
No vestido de pano cosido em meu resto de inocência.
Boneca de pano da
infância
De língua afiada e
marota
E minhas tristezas
pareciam ter fim
No pó estrelado de
pirlimpimpim.
Boneca de pano da
infância
Marquesa de um reino
invisível
Onde sabugos e
tecidos
Preenchiam o vazio
que havia em mim.
Hoje não tenho
bonecas,
Tampouco brinquedos
singelos.
Mas ainda guardo, na
gaveta secreta da alma,
Os cabelos de lã da espevitada que me iluminava as tardes.
Em meu sítio
imaginário,
Eu me lembro de seu
pozinho encantado
E peço, baixinho,
Para que ela jamais deixe que a Cuca venha me pegar.
Obrigada, Emília,
Olhos de retrós,
Corpo de pano,
Por cerzir minha
alma, tantas vezes remendada.
6 comentários:
Belissima estreia, Tatiana. Parabens, PoetAmiga.
Obrigada, Edweine! ;-)
Isso é um sopro de saudade que emociona. Cócegas na alma.
Tatiana, bom dia.
Também vim ler seu poema. Que maneira feliz de começar o dia. Belíssimo. Cheio de pureza. Sem falar na importância da referência a essa inesquecível personagem de Lobato. Parabéns, poetisa!
Abraços!
Impossível não sentir saudade lendo esse poema. E que final triste! Amei Poeta.
Obrigada, amigos. Este poema é muito especial pra mim.
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