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terça-feira, 23 de julho de 2013

Uma Gestão Hospitalar de Outro Mundo

Em minha última viagem à Sodot ed Lisarb fiquei doente e fui obrigado a buscar auxílio médico em um dos hospitais da rede pública desse mundo.

Graças a essa minha indisposição, pude observar melhor como são organizados os processos, procedimentos e até a estratégia por trás do cotidiano em uma de suas emergências. Resolvi ficar alguns dias a mais para pesquisar e preparar esta matéria especial para vocês.

O ambiente: Design alinhado a estratégia 

Os filmes americanos mostram aqueles corredores da morte pouco antes do condenado sofrer a sua pena. Os corredores são decorados com paredes sem cores; em muitas prisões as portas são trocadas apenas por grades outras apresentam uma porta com uma abertura para espiar os presos. As cores oscilam entre um preto e um cinza, quando se reconhece as cores. Nunca estive no corredor da morte, mas tenho sempre essa sensação quando frequento um hospital.

Aquelas paredes com uma cor sem vida, um cinza gelo, uma amarelo fraco, um verde sem cor, quando há uma cor e não aquele branco opressor. No passado se usava mais branco nos hospitais, o mesmo branco que a policia da ditadura usava para torturar os acusados.

A filosofia de não cores nos hospitais é para que você e seus familiares descubram o quanto antes que não há vida; que ela acaba. Em muitas entradas dos hospitais de Sodot ed Lisarb há uma placa onde se lê 'ao passar por essas portas esqueça a esperança'.

Segundo os especialistas esta frase ajuda os pacientes e familiares a diminuírem a dor, uma vez que as pessoas buscam nos hospitais uma cura para seus males.

Triagem: A métrica do sofrimento 

Em Sodot ed Lisarb, os hospitais foram criados com mecanismos para que você perca sua dignidade. Ao chegar em um atendimento, você espera horas e horas para ser atendido, exceto se você estiver em caso de vida ou morte. E vou lhes dizer, nesses casos você só é salvo para que o hospital tenha mais gente para sofrer em seus leitos. São poucos os casos em que as pessoas morrem nos hospitais, a grande maioria é enviada para casa e morrer junto com os familiares. Não há morte por falta de atendimento, as pessoas que estão com estado crítico, identificados pelo processo de triagem são enviadas para casa. Os boatos de que as pessoas que as pessoas pioram nas filas antes de atendimento é descartada pelos governantes e órgãos fiscalizadores de Sodot ed Lisarb.

O processo de filas dos pronto-socorros é como o vestibular de muitas universidades: por eliminação. Você esta lá e concorre por uma vaga. Aos olhos dos administradores, gerentes não há pessoas nas filas dos hospitais, há números; números que precisam ser administrados.

Um número alto de reclamações era o tempo que alguém chegava no hospital esperava para ser atendido. Vendo aquela quantidade de pessoas, eles tiveram a grande ideia de fazer uma triagem.

O discurso dizia que dessa maneira poderiam separar os casos mais graves, dos casos mais simples. Na prática foi uma forma inteligente de dar uma falsa esperança a todos que esperam. Você chega em um hospital, fica uns 20 a 30 minutos esperando e é chamado. O 'doutor' olha para você por uns dois minutos e pede para você aguardar pelo nome. Em sua ficha ele coloca um número de gravidade, de 1 a 5. Quanto maior o número maior a gravidade e mais 'rápido' é o atendimento. Cerca de 80% dos casos ficariam entre os casos 1 e 2 na classificação.

Na classificação a avaliação é se você sofre risco de vida, se você não sofre, eles não estão interessado em saber há quantos dias você esta sofrendo com a dor ou a intensidade da dor. Alias, dor parece ser algo que eles ignoram em Sodot ed Lisarb.

Uma Estratégias eficaz se faz com processos eficazes 

O processo de gestão por resultados nos hospitais são medidos apenas com números. O número de pessoal que chegou à emergência, o número de pessoal que foi atendido, o tempo de espera, os custos dos atendimentos. Infelizmente eles não conseguem contabilizar a dor dos pacientes e o sofrimento para os seus familiares.

A máquina é tão eficiente que transforma seres humanos em pessoas insensíveis, com toques de crueldade. O lema da emergência é mentalizado com um sorriso no rosto 'a culpa é sua por ter ficado doente, agora aguenta'.

E os processos são padronizados e dinâmicos, fruto de anos de experimentação com diferentes casos. Por exemplo, quando você chega em frente ao médico ou enfermeiro,
- O que houve?
- Ai doutor estou com uma dor no peito há três dias, pensei que não fosse nada, mas a dor continua...
- Você deveria ter vindo no mesmo dia. Como você ficou em casa com essa dor? Dor no peito tem que vir direto. Volta para a sala de espera que vão te chamar pelo nome.

Mas e se for diferente,
- O que houve?
- Ai doutor estou com uma dor no peito e resolvi vir o que pode ser isso...
- Agora é assim, qualquer dor e já vem para o hospital. Imagina quando tiver dor de verdade. De qualquer maneira, vamos dar uma olhada. Volta para a sala de espera que vão te chamar pelo nome.

O processo é simples. Fazer de conta que há uma triagem para fazer você ficar esperando, mas com um toque de deixar você sentindo culpado por ter ido buscar ajuda.

Os indicadores de desempenho

É evidente que houve um trabalho forte por parte do governo Sodot ed Lisarb para gerar esses resultados. Uma estratégia eficaz onde se aplicam conceitos de marketing de serviços e gestão hospitalar para atingir os resultados. Hoje Sodot ed Lisarb tem 100% de atendimento nos casos de emergência o atendimento inicial que antes era de quatro a seis horas, hoje, com o processo de triagem, caiu para uma hora.

Após o processo de triagem 70% dos casos são resolvidos ali mesmo enquanto que os demais ou são encaminhados para especialistas (20%) ou o paciente é hospitalizado (10%). 'Poderíamos tratar mais pessoas, mas o problema é que muita gente não tem paciência para esperar após o processo de triagem' diz o doutor Nicolau.

Estima-se que cerca que mais da metade das pessoas que passam pelo processo de triagem voltam para as suas casas após duas horas de espera. Segundo o especialista Jim Carrey, isso mostra que a triagem é mais eficaz do que se supunha inicialmente. `As pessoas não tem problema, senão esperariam com isso. Com a triagem foi possível economizar mais de 900 milhões de Fantasias (a moeda de Sodot ed Lisarb) por ano com atendimento desnecessários'.

Os números são provas concretas de que Sodot ed Lisarb vem realizando uma gestão singular no campo da saúde que agrada médicos, pacientes, especialistas, a comunidade e o povo de Sodot ed Lisarb que estava cansado de sofrer nos ambulatórios.

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2 comentários:

Carlos Carreiro, se eu fosse um bom detetive, ou um bom adivinhador,por exemplo,quiromante,e atendesse,caro Carlos,suas expectativas de adivinhação,...postas as cartas,você sacando da primeira,e,zapt!,o nome do pais traduzido;Brasil.Convidando-o para que saque a segunda carta e vapt-vupt,era um hospital do SUS,estou certo?. É,meu caro Carlos,nós temos talentos tantos,não é mesmo?,mas na maior parte do tempo,nem adivinhação surpreende mais.

Hahahah ri bastante com o teu comentário

Meu Caro Mario, o triste nisso tudo é acharmos que isso é normal. Eu não entendo, simplesmente eu não consigo entender. E olha que eu nem culpo só o governo. Há administradores em muitos desse lugares com MBA e pós-graduação. Especialistas mesmo em Gestão Hospitalar, mas parece que o único que eles vêm são números e não pessoas.

E te digo mais: se o problema fosse só no SUS eu entenderia, mas já tive problemas com instituições privadas da mesma categoria. Vamos rir por que, a final de contas, não quero ficar desidratado por conta disso :-)

Forte abraço.

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