Cheguei ao Japão em 2001, com a mala cheia de esperanças... e medos. Natural: era a primeira vez que saía de meu país e vim parar logo no Oriente, em meio a um povo e cultura sobre os quais conhecia muito pouco.
Os primeiros dois anos, fiquei num alojamento para estudantes estrangeiros, e lá também minha personalidade retraída em nada contribuiu para que eu fizesse muitos amigos. Porém, houve alguns neste período. E, entre eles, destaco Orhan, um estudante turco que viera cursar o mestrado na Universidade de Osaka. Talvez a semente dessa amizade tenha sido a solidão em comum: eu, longe de meus pais; Orhan, da esposa e dos filhos. Mas prefiro acreditar que o motivo maior tenha sido as conversas sobre a fé. E, mais especificamente, os ensinamentos sobre a religião muçulmana. Sou de uma famílica tipicamente católica não-praticante (termo esdrúxulo, mas real), e o contato que tive em minha infância com a religião muçulmana foi através de uma tia, de origem síria.
Nas conversas com Orhan, meus conhecimentos aumentaram. E pude saber mais sobre o Alcorão e o ritual de jejum do Ramadã, além das mensagens de paz do Profeta Maomé (bem diferentes do que esta imagem distorcida que governos imperialistas tentam passar para vender armamentos, a religião muçulmana tem como princípio a paz e a tolerância). Porém, uma das coisas que mais me chamaram atenção foi a simplicidade do Islamismo: quando perguntei a Orhan o que era necessário para tornar-me muçulmano, ele respondeu-me: basta dizer que aceita a Alá. Simples assim. Simples como deve ser toda fé.
2 comentários:
Você sempre me surpreende. Em especial com este texto de uma beleza tão poética que é quase uma conversa íntima. Vem do coração. Essa verdade final deveria virara mantra. Você é o mestre dos minicontos e também um grande contista. Mas eu lhe digo, meu amigo, não abandone a crônica! Esta é leve, singela e profunda. E este final, então, falou comigo: "Simples assim. Simples como deve ser toda fé."
Amei!
Obrigado, amiga Cinthia, por este carinho maravilhoso e por estas palavras. Obrigado, sempre. Beijos deste fa e amigo. Edweine
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