Nos sertões desses Gerais,
No meio do redemoinho,
Enfrentava vendavais
E seguia o meu caminho.
Sem jamais olhar pra trás,
Buscava eu a verdade.
Mais que Cristo, Barrabás,
Eu roubava-me a metade.
Nos buritis, no cangaço,
Até o demo desafio.
Ignorando o cansaço,
Conquisto coragem e brio.
A donzela travestida
Surge, oculta nas veredas.
E eu, em busca da vida,
Vejo facas onde há sedas.
Perco a bela Diadorim
Seus verdes olhos de mar.
E vejo, em seu triste fim,
O amargo medo de amar.
Chego, então, ao lado oposto,
À outra margem do rio.
E constato, a contragosto,
Que aqui também é vazio.
Descubro então a verdade
Entre o vazio e o cheio:
Buscava a minha metade
Que sempre esteve no meio.
5 comentários:
Bonito, com cheiro de Guimarães e alma de Tatiana. Pra mim, a estrofe:
"Chego, então, ao lado oposto,
À outra margem do rio.
E constato, a contragosto,
Que aqui também é vazio."
é a história de muita gente, a busca pelo mesmo, a sensação frustrante de descobrir que, afinal, não é para onde se vai, mas como se fica. Seus versos sábios enfeitaram meu sábado. Cada vez melhor, Tati.
Muito obrigada, poeta e amiga! Suas palavras enfeitaram a minha semana....rsrs.
Perfeito, Tatiana! Um poema envolvente e cheio de significações. Parabéns!
PS: Tati, na minha última postagem, eu fiz como fazia antes, partindo de alguma publicação que acessava por aqui. Como a sua antecede a minha vez, vc foi a vítima... Agora notei que meu perfil aparece nas suas publicações. Que mancada, a minha! Peço-lhe desculpas por esse transtorno. Vou tentar resolver isso, com o auxílio do Henry. Abraço.
Fui a Minas,
adormeci sob as folhas de um buriti,
brinquei com minha velha garrafa, que um dia,
escondi ali um saci! Devolveu minha infância em sete estrofes.
Fábio W. Sousa
Obrigada pelas palavras, Edelson e Fábio!
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