se houvesse pedido que ela
fizesse em início de ano,
se ela se deleitasse a
invocar os deuses para pedir benesses,
pediria decerto que o ano
fosse da cor do mar
e da cor da chuva,
e, se fosse possível,
(e o que não é possível às divindades,
perguntaria antes de atrever-se)
ela pediria que o ano fosse
da cor dos campos de espiga,
e entremeando, ali e aonde,
dispersa,
uma cor de papoilas
a cor do mar para que fosse
azul e fosse também cinza,
e percorresse os vários
matizes do verde,
e fosse amarelo, e alaranjado,
anil e roxo, no de repente de
um ocaso
a cor da chuva para que
fosse límpido deixando ver para lá dele,
atrás e adiante,
e ainda sobrasse
a cor das espigas para que
fosse de oiro
e nem por isso fosse de
riquezas mais do que as suficientes,
o rubro das papoilas,
essa cor dos deuses e das
mulheres,
para que fosse vida,
intenso,
para que acontecesse
foto papoilas de Maria de Fátima
2 comentários:
Ando murcha, meio desanimada, e por isso tenho deixado de comentar textos bons que venho lendo. Coisas de fim de ano mesmo! Hoje, com calma, acabei de ler seu poema.
Tantas cores a gente se propondo e querendo, mas nem sempre acontecem os vermelhos e os dourados. De qualquer maneira, inspiram.
Belo poema, com sentimento. Tive vontade de repetir a leitura mais de uma vez, para sorver um tanto dos matizes!
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