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sábado, 15 de dezembro de 2012

cores do ano




se houvesse pedido que ela fizesse em início de ano,
se ela se deleitasse a invocar os deuses para pedir benesses,
pediria decerto que o ano fosse da cor do mar
e da cor da chuva,
e, se fosse possível,
(e o que não é possível às divindades, perguntaria antes de atrever-se)
ela pediria que o ano fosse da cor dos campos de espiga,
e entremeando, ali e aonde,
dispersa,
uma cor de papoilas

a cor do mar para que fosse azul e fosse também cinza,
e percorresse os vários matizes do verde,
e fosse amarelo, e alaranjado,
anil e roxo, no de repente de um ocaso

a cor da chuva para que fosse límpido deixando ver para lá dele,
atrás e adiante,
e ainda sobrasse

a cor das espigas para que fosse de oiro
e nem por isso fosse de riquezas mais do que as suficientes,
e fosse na alma que mais se fizesse

o rubro das papoilas,
essa cor dos deuses e das mulheres,
para que fosse vida,
intenso,
para que acontecesse



foto papoilas de Maria de Fátima

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2 comentários:

Ando murcha, meio desanimada, e por isso tenho deixado de comentar textos bons que venho lendo. Coisas de fim de ano mesmo! Hoje, com calma, acabei de ler seu poema.
Tantas cores a gente se propondo e querendo, mas nem sempre acontecem os vermelhos e os dourados. De qualquer maneira, inspiram.
Belo poema, com sentimento. Tive vontade de repetir a leitura mais de uma vez, para sorver um tanto dos matizes!

Este comentário foi removido pelo autor.

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