As traças devoraram livros
e destrincharam jornais
as traças roeram músicas
e mutilaram filmes
naquela época,
devoraram até pessoas
- famílias inteiras
Após anos de clausura
abriram-se as portas e janelas
os novos ares vieram
e as traças esconderam-se
em cantos obscuros
onde até hoje permanecem
- como se fossem invisíveis
Após anos de negação
continuamos adiando
para amanhã, quem sabe
a tarefa indispensável
de revirar armários
e destrancar gavetas
de explorar porões
- sem esquecer dos sótãos
de jogar luz aos fatos
descortinar as traças
para evitar que se repita
a tragédia como farsa
Esta poesia conquistou o 1º lugar no Concurso Literário de Suzano em 2012 e, por conta da premiação, foi publicada em edição especial da Revista Trajetória Literária, que foi lançada no dia 8 de setembro, em Suzano, durante o sarau Pavio da Cultura.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Traças
por Rodrigo Domit
1 comentário
1 comentários:
As traças como censura - foi a minha leitura; agradada.
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