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domingo, 15 de julho de 2012

que nem cão


Que nem um animal que quisesse dono
quisesse companhia,
quisesse mais do que lamber o próprio pêlo.

Gaivota caida do seu ninho,
bicho sem jeito a debicar o pó da estrada.
Asfalto quente e os carros atrasados.
O vai e vem dos carros,
e o animal ali desprotegido.

Um eu perdido.
Um eu desesperado,
sem chão que pise e nem telhado.
Um eu magoado a querer  aconhego.
Dois dedos de conversa.
Um dito que lhe seja dirigido
– olá, bom dia! – e seguem sem ouvi-lo.

O céu a desabar,
o mar em tempestade,
e o sol escaldando infernos.
E o frio.
Um imenso frio que nem desaba em neve
e nem o chão se faz em gelo.
Simplesmente, arrefece,
que nem um cão vadio !











 Mulher Cão (1994) de Paula Rego

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