tenho sono e esta cama me busca
devolver uma certa dignidade perdida
mal conheço quem me permitiu deitar
mal me conhecem
mas vejam
cá estou
deitado
tenho sono e há silhuetas difusas do dia
caminhando nas paredes
e a luz que as projeta
ainda que eu não saiba de onde vem
vem
estou deitado
e a luz me atravessa
(eram tão mais definidas essas sombras na parede há um tempo curto...)
andei-me permitindo essas
luzes de través
quem olha
vê
as sombras na parede
a luz que as cria sabe-se lá onde
mas a mim
ninguém
esta cama
agora
me está tingindo de sono
e meu corpo
parece não se importar
tudo mergulha lento
na noite
neste quarto
em que sincera e
dignamente
permitiram-me dormir
a luz aquém, apaga
as silhuetas além, difusas
o meu corpo
aos poucos está voltando
ao estado natural
de ser opaco
publicado originalmente em http://dasartesimpuras.blogspot.com.br/2011/07/o-estado-natural.html
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