7 gatas vadias, em 7 ruas esconsas, escondem 7 sardinhas.
Todas as 7 miam desafios ao dia que passa e para todas as 7 o sol se põe indiferente.
Uma é amarela, outra castanha. Uma tem pintas, outra tem riscas; há uma que tem pantufas, outra que não tem bigode e há uma que tem, na ponta da cauda, um tufo espetado. Uma tem pelos compridos e finos, outra tem-nos grossos e curtos; uma tem manchas negras de pelo lustroso e há outra que tem feridas peladas. Há uma a quem faltam unhas e há outra a quem faltam dentes, uma terceira que é coxa. Há mais diferenças, tantas!
Mas todas miam. Todas têm consigo a capacidade de criar o futuro, quer o tenham concretizado quer não; e todas têm numa rua estreita 1 sardinha escondida, não necessariamente para si.
Há 7 carros velozes, em 7 estradas diferentes. Só há um destino, para as 7 gatas vadias.
Mas as sardinhas, ah! As sardinhas têm todas destinos diferentes...
Uma foi comida pelos filhos, outra pelos pais e uma outra ainda por formigas. Houve uma que deu alento a uma outra gata vadia, outra foi devorada por um cão necessitado. E uma foi roubada por quem não precisava.
E há uma que permanece escondida, à espera da sua necessidade.
3 comentários:
Curioso!
Parece haver 7 mensagens, 7segredos camuflados, mas eu só encontrei 1 ou 2.
Vou ler outra vez, nem que seja para absorver o ritmo que um texto destes sempre tem.
agrada-me o ritmo
agrada-me a ideia
e lembrei "eram sempre quatro" no poema belíssimo de Joaquim Pessoa: balada do medo
Gostei demais do jogo de palavras com as sete gatinhas. Sou sempre capturada pelas boas frases e, por isso, fiquei aqui matutando sobre aquela sardinha final, a que ainda resta, escondida. E isso me obrigou a refletir sobre qual seria a minha necessidade, sobre qual seria a minha sardinha...Interesante.
Postar um comentário