Poemas, por Wellington Souza..
Um dos conceitos que não nos ensinam (ou que, pelo menos, não 'pregam') é o de saciedade.
Aquela gostosa seria suficiente por uma noite e depois não existiria depois. Queremos até transbordar e depois não queremos mais e depois queremos mais.
"Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor"*
E paradoxal, irônico, é que mesmo quando não queremos, queremos algo.
Ao extremo da saciedade
Queria saber ser tanto assim
ser tanto sem fazer desse tanto
muito, demais, transbordado.
Ser copo cheio e belo copo cheio
sem ser copo cheio e derramado de tão cheio
lambuzado
imperfeito.
Ser um peixe no rio
e ser o peixe do rio que ela fisgou
e ser peixe no rio fisgado
escolhido
mas que continua no rio
abanando o rabo como cachorro feliz.
Platônicos
Um amor simples e saciado
talvez se desate
se desgaste e vire cafés-da-manhã
que apenas em arrotos da memória
nos retornará.
Perigosos são os jejuados
insaciados.
Frutos de uns pedaços
do passado
que nunca nos
serviram.
Amor na fronteira do medo
Amor é a derrota do medo;
esse sinônimo de
Homem.
É a bandeira branca hasteada
nos lábios.
A espada
o escudo
a armadura
a adaga
espalhados com o vestido pelo chão do quarto
tomado.
*Caetano Veloso, 'O quereres'.
*
Créditos da imagem:
Como uma formiga ...,, de Wellington Souza
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