sons puros tintos de preto e branco
escancaro diante deles as janelas da alma
deixo que venham, que entrem, que passem
pelos meus mais escuros cantos
notas noturnas, acordes perfeitos
me iluminam na aurora antecipada
aquecem o que em mim já quase morria
de frio, solidão, incerteza ou medo
vibrações leves, trinados, legatos
dedos mágicos sobrevoam o teclado
espuma suave que avança scherzando
melancólico piano que me habita
grita ao mundo minha dissonante melodia
antes que rebentem as cordas do desejo
marcia szajnbok
estas poesias sóbrias, deslizantes, carregadas de vida
ResponderExcluirEu estudei piano clássico por sete anos. Faz muitos, muitos anos que parei, mas até hoje sou apaixonada por um piano. Para mim, é um dos instrumentos mais belos, mais sofridos, mais intensos. Seu poema traduziu isso tão bem que, em alguns momentos, eu "ouvi" o lamento.
ResponderExcluirPerdão, soneto... Como não é a minha praia, acabei chamando de poema! Só depois atentei para o título e para o 4,4,3,3. Poema ou soneto, igualmente forte.
ResponderExcluirAdorei! AI via um meu :
ResponderExcluirPiano: me amarrar em você...
meus dedos e laços e braços e traços: anzóis
Notas perdidas,
permitidas
e dadas:
amadas.
dedo a dedo
pé a pé
compasso interminável:
sem barras o sol se prolonga...
pausa
eu mi bemol
e ritornello.
Sara Meynard.