Caio Rudá de Oliveira
o despertar de uma mulher
o despertar de uma mulher
é uma melodia serena
feito um balanço no parque
lá e cá, deslizando no ar
um movimento leve e paciente
cadenciado, contra o qual insurgem
lapsos de descompasso
não importam as intermitências
o despertar de uma mulher é sutil e elegante
é uma flor com hora certa para desabrochar
inexorável
hoje o entardecer é tela
arrebol em minha janela
uma moldura desgastada
não nega os anos vividos
cães vivazes me fazem inveja
e o sol se pondo é cabal
espero a noite para dormir
após o acalento matreiro
do crepúsculo que não volverá
hoje o entardecer é tela
arrebol em minha janela
uma moldura desgastada
não nega os anos vividos
cães vivazes me fazem inveja
e o sol se pondo é cabal
espero a noite para dormir
após o acalento matreiro
do crepúsculo que não volverá
versos do ocaso
há esse senhor leitor
que folheia sem pudor
e a cada página perpassada
letras contam uma vida
perfeitamente contida
num livro sem muita cor
velhice é noite sem estrelas
são memórias foscas e
o fim de leitura
Testamento
Eu quero morrer louco
são nem um pouco
doido de pedra
demente, decadente
sem mente, sim
completamente doente.
Eu quero morrer assim
para não fechar meus olhos
ciente de que é o fim.
Eu quero morrer louco
são nem um pouco
doido de pedra
demente, decadente
sem mente, sim
completamente doente.
Eu quero morrer assim
para não fechar meus olhos
ciente de que é o fim.
* Dia 19, no seção de teoria literária, confira aqui na Samizdat um artigo sobre o que é um concludo.
2 comentários:
Opa! Já gostei!
Eu conheço um poeta!
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