Maria de Fátima Santos
* Adaptação muito livre de uma crónica
apresentada no 3ºDesafio
A notícia dá conta de um calendário que tem em cada folha um padre. E eu leio e penso que é apenas um modo de actuar neste mundo de imagem. É até um método comum na Igreja Católica que nunca reprovou, antes pelo contrário, passar a papel os seus “santinhos”.
A notícia não me pareceu de molde a mais reflexão e muito menos a ser mote para crónica.
No entanto, a curiosidade falou mais forte e indaguei na Net: queria ver que padres eram esses. E juro que estarreci com a beleza dos moços.
Um calendário: doze meses, doze homens belos, um a seguir ao outro.
Doze homens castos desde o mês das Janeiras até ao Natal.
Doze padres soberbos: homens da mais pura beleza que Deus deu. Padres da Igreja onde um dia tomei baptismo e confessei pecados, e o sincero espanto do meu eu profundo, e uma plêiade de interrogações e ecos.
Eu que deixei de saber rezar há muito, vi-me a pedir: Senhor, afasta este cálice dos meus olhos; que Deus me valha, e na falta d’Ele, que me acudam fadas ou duendes, mas não me deixes memória destes doze acólitos, diáconos e padres.
Ainda tentei desvalorizar a intensidade desse meu sentir, lembrando a história de um outro calendário com senhoras entradas na idade. Engano, que as folhas de Janeiro a Dezembro com senhoras meio despidas a mostrarem os seus atributos na cozinha, não teriam a vitalidade de veículo de mensagem que eu pressentia nas folhas deste calendário a cheirar a beato.
E desatei a teclar a crónica que ora vos mostro.
Doze padres a ilustrarem os meses e vendem-se calendários desses em solo do Vaticano a esgotar tiragens!
Leva decerto a palma aos calendários de belos pares de mamas que forram as paredes da oficina de qualquer sapateiro ou outrem que tenha em boa estima a oficina.
E eu a imaginar a reacção do turista que entra e sai da Capela Sistina.
O calendário é dirigido a ele: como diz a notícia, em cada fotografia vem um informativo aos turistas que visitam o Vaticano.
O devoto, desprendido na sua condição de turista, a ser confrontado com cada um dos retratos e o seu conjunto: doze meses, cada mês um padre. Doze padres soberbos. Terá o turista ficado perplexo e apreensivo, a olhar em volta folheando sem saber se aquilo é coisa de Deus se do Diabo.
E ter-se-á benzido num gesto de afugentar conspícuos pensamentos, ou de ser perdoado dos que lhe vão surgindo.
Terá, decerto, rezado aos deuses da cristandade romana e apostólica e católica, ou que sejam outros os deuses e outra a irmandade, terá orado, estupefacto ao constatar que nem um dos fotografados, um que seja, esteja orando, de joelhos, ou prostrado em unção da fronte sobre o solo santo de uma Igreja.
Doze rapazes na força da idade. Doze futuros bispos. Doze potenciais cardeais. Um deles poderá ser, quem sabe de futuros, o chefe da Igreja.
E se é verdade, que uns tantos aparecem de paramentos brancos e doirados, rendas e chapéus, que todos envergam batina e colarinho branco, mais parece que os terão posto no intuito de despertar, a quem os olhe, o apelo a que se lhes trate com carinho o corpo, que se presume casto, ungido apenas pelos líquidos baptismais e outros igualmente santos. Nem se lhes associa, na santidade que é devida a cada homem da Igreja, salivares ou outros líquidos, que não seja o leite que lhes terá escorrido nos cantos da boca ao mamar, cada um deles, o maternal seio.
E eu, interrogando-me da intenção de quem colocou no mercado aquele material, imagino que o devoto turista há-de ter sentido o ferrete do pecado ao enfrentar os olhares de cada um dos padres daquele calendário. Terá clamado perdão a cada folhear, e na dúvida do préstimo para o espírito que teria aquele papel impresso, terá deixado pejada de retratos a Praça de São Pedro. Uma pena, que aqueles belos moços tenham sido assim espezinhados.
E constato que, via Net, a notícia foi divulgada a todo o recanto.
Andará meio mundo a enviar FW, e outros tantos a fazer cópias pirata: um clique, um jacto de tinta, e ali está o calendário estendido sobre a mesa de trabalho, resguardado por um vidro, ou colado na porta do frigorífico. Nem já é necessário ir ao santo solo do Vaticano para que cada um adquira a obra-prima que é o calendário.
Os mais devotos hão-de dependurar as doze folhas aos pés do leito em que repousam, e perante ele farão a oração da noite.
E estará aqui a lógica desta divulgação inusitada dos padres mais garbosos, carinhas larocas da Igreja: a finalidade inalienável deste calendário será fomentar a prece, zelar pela salvação das nossas almas.
Oraremos a olhar em cada mês um moço, a percorrer-lhe o rosto e o que demais possamos ver-lhe na foto; faremos oração imaginando-o a nosso lado, de mãos postas, a orar connosco. Uma vez por noite, doze meses, e ficaremos com um lugar cativo no Paraíso.
Ou talvez no Vaticano ande algum louco à solta, que disponibiliza pelo mundo os mais belos exemplares dos seus padres e diáconos, futuros bispos e papas, apenas para arrecadar uns cobres.
Ou, quem sabe, o alvo da promoção da padralhada mais jovem através do calendário, seja o de ir fazendo o caminho, avisando o povo, que a Igreja está mudando, que se preparem as beatas para um destes dias ser preciso que ajeitem paramentos nas suas sacristias: umas emendas nas mangas, um descer de bainhas, uns acrescentos nas opas, um entremeio de renda, com cachinhos de uvas e anjinhos: é que os padres que substituírem os que estão agora no activo, nem terão barriga, nem serão baixinhos.
Moços na força da vida, habituados ao ginásio e ao jogging, hão-de querer passar para outra hora a missa das seis da tarde, por via de que não empecilhe com o horário do squash.
E confesso que o calendário me sugere que a Igreja seria decerto outra, mais pujante, mais cheia de devotos nem só nos dias santos, se no supremo magistério estivesse um daqueles garbosos homens tipo Gary Grant já grisalho, já octogenário, mas que desse gosto ver falando, lá do alto daquela janelinha, ao seu povo. Um charmoso a transportar o ceptro em atitude triunfante e não de molde que a sua função mais se assemelhe à de um cajado.
Quiçá tenha o calendário por único fito angariar novos adeptos para o sacerdócio.
Uma mensagem contida em cada foto, do tipo: “você ficará bonito como noviço”. Ou, mais prosaico, mas mais incisivo: “seja um deles”. E ficar, assim, a Igreja com os mais jovens, saudáveis e belos homens de cada novo lote.
Ou, vendo a coisa noutro prisma, talvez tenham feito os rapazes apenas serem isco para angariar a devoção de moças jeitosas, belos cus e mamas, e assim dotar os locais de culto de beatas à altura dos seus padres: substituir nas funções as tradicionais mulheres viúvas ou esposas mal casadas e solteironas feias.
Venham pois mais calendários com moços padres e, porque não, uma primeira edição com fotos de freiras criteriosamente escolhidas…
A notícia não me pareceu de molde a mais reflexão e muito menos a ser mote para crónica.
No entanto, a curiosidade falou mais forte e indaguei na Net: queria ver que padres eram esses. E juro que estarreci com a beleza dos moços.
Um calendário: doze meses, doze homens belos, um a seguir ao outro.
Doze homens castos desde o mês das Janeiras até ao Natal.
Doze padres soberbos: homens da mais pura beleza que Deus deu. Padres da Igreja onde um dia tomei baptismo e confessei pecados, e o sincero espanto do meu eu profundo, e uma plêiade de interrogações e ecos.
Eu que deixei de saber rezar há muito, vi-me a pedir: Senhor, afasta este cálice dos meus olhos; que Deus me valha, e na falta d’Ele, que me acudam fadas ou duendes, mas não me deixes memória destes doze acólitos, diáconos e padres.
Ainda tentei desvalorizar a intensidade desse meu sentir, lembrando a história de um outro calendário com senhoras entradas na idade. Engano, que as folhas de Janeiro a Dezembro com senhoras meio despidas a mostrarem os seus atributos na cozinha, não teriam a vitalidade de veículo de mensagem que eu pressentia nas folhas deste calendário a cheirar a beato.
E desatei a teclar a crónica que ora vos mostro.
Doze padres a ilustrarem os meses e vendem-se calendários desses em solo do Vaticano a esgotar tiragens!
Leva decerto a palma aos calendários de belos pares de mamas que forram as paredes da oficina de qualquer sapateiro ou outrem que tenha em boa estima a oficina.
E eu a imaginar a reacção do turista que entra e sai da Capela Sistina.
O calendário é dirigido a ele: como diz a notícia, em cada fotografia vem um informativo aos turistas que visitam o Vaticano.
O devoto, desprendido na sua condição de turista, a ser confrontado com cada um dos retratos e o seu conjunto: doze meses, cada mês um padre. Doze padres soberbos. Terá o turista ficado perplexo e apreensivo, a olhar em volta folheando sem saber se aquilo é coisa de Deus se do Diabo.
E ter-se-á benzido num gesto de afugentar conspícuos pensamentos, ou de ser perdoado dos que lhe vão surgindo.
Terá, decerto, rezado aos deuses da cristandade romana e apostólica e católica, ou que sejam outros os deuses e outra a irmandade, terá orado, estupefacto ao constatar que nem um dos fotografados, um que seja, esteja orando, de joelhos, ou prostrado em unção da fronte sobre o solo santo de uma Igreja.
Doze rapazes na força da idade. Doze futuros bispos. Doze potenciais cardeais. Um deles poderá ser, quem sabe de futuros, o chefe da Igreja.
E se é verdade, que uns tantos aparecem de paramentos brancos e doirados, rendas e chapéus, que todos envergam batina e colarinho branco, mais parece que os terão posto no intuito de despertar, a quem os olhe, o apelo a que se lhes trate com carinho o corpo, que se presume casto, ungido apenas pelos líquidos baptismais e outros igualmente santos. Nem se lhes associa, na santidade que é devida a cada homem da Igreja, salivares ou outros líquidos, que não seja o leite que lhes terá escorrido nos cantos da boca ao mamar, cada um deles, o maternal seio.
E eu, interrogando-me da intenção de quem colocou no mercado aquele material, imagino que o devoto turista há-de ter sentido o ferrete do pecado ao enfrentar os olhares de cada um dos padres daquele calendário. Terá clamado perdão a cada folhear, e na dúvida do préstimo para o espírito que teria aquele papel impresso, terá deixado pejada de retratos a Praça de São Pedro. Uma pena, que aqueles belos moços tenham sido assim espezinhados.
E constato que, via Net, a notícia foi divulgada a todo o recanto.
Andará meio mundo a enviar FW, e outros tantos a fazer cópias pirata: um clique, um jacto de tinta, e ali está o calendário estendido sobre a mesa de trabalho, resguardado por um vidro, ou colado na porta do frigorífico. Nem já é necessário ir ao santo solo do Vaticano para que cada um adquira a obra-prima que é o calendário.
Os mais devotos hão-de dependurar as doze folhas aos pés do leito em que repousam, e perante ele farão a oração da noite.
E estará aqui a lógica desta divulgação inusitada dos padres mais garbosos, carinhas larocas da Igreja: a finalidade inalienável deste calendário será fomentar a prece, zelar pela salvação das nossas almas.
Oraremos a olhar em cada mês um moço, a percorrer-lhe o rosto e o que demais possamos ver-lhe na foto; faremos oração imaginando-o a nosso lado, de mãos postas, a orar connosco. Uma vez por noite, doze meses, e ficaremos com um lugar cativo no Paraíso.
Ou talvez no Vaticano ande algum louco à solta, que disponibiliza pelo mundo os mais belos exemplares dos seus padres e diáconos, futuros bispos e papas, apenas para arrecadar uns cobres.
Ou, quem sabe, o alvo da promoção da padralhada mais jovem através do calendário, seja o de ir fazendo o caminho, avisando o povo, que a Igreja está mudando, que se preparem as beatas para um destes dias ser preciso que ajeitem paramentos nas suas sacristias: umas emendas nas mangas, um descer de bainhas, uns acrescentos nas opas, um entremeio de renda, com cachinhos de uvas e anjinhos: é que os padres que substituírem os que estão agora no activo, nem terão barriga, nem serão baixinhos.
Moços na força da vida, habituados ao ginásio e ao jogging, hão-de querer passar para outra hora a missa das seis da tarde, por via de que não empecilhe com o horário do squash.
E confesso que o calendário me sugere que a Igreja seria decerto outra, mais pujante, mais cheia de devotos nem só nos dias santos, se no supremo magistério estivesse um daqueles garbosos homens tipo Gary Grant já grisalho, já octogenário, mas que desse gosto ver falando, lá do alto daquela janelinha, ao seu povo. Um charmoso a transportar o ceptro em atitude triunfante e não de molde que a sua função mais se assemelhe à de um cajado.
Quiçá tenha o calendário por único fito angariar novos adeptos para o sacerdócio.
Uma mensagem contida em cada foto, do tipo: “você ficará bonito como noviço”. Ou, mais prosaico, mas mais incisivo: “seja um deles”. E ficar, assim, a Igreja com os mais jovens, saudáveis e belos homens de cada novo lote.
Ou, vendo a coisa noutro prisma, talvez tenham feito os rapazes apenas serem isco para angariar a devoção de moças jeitosas, belos cus e mamas, e assim dotar os locais de culto de beatas à altura dos seus padres: substituir nas funções as tradicionais mulheres viúvas ou esposas mal casadas e solteironas feias.
Venham pois mais calendários com moços padres e, porque não, uma primeira edição com fotos de freiras criteriosamente escolhidas…
1 comentários:
Como disse Jesus (Pai perdoa os eles não sabem o que fazem) só pracompletar Senhor fizestes os homens aqui na terra ,a sua (imagem) e semelhança não importando assim com a carne e suas aparecias, Jesus ve se que era um homem de aparência inigualável , lindo divino o que ha de mais a aparência , não deixemos a soberba da cultura tomar liderancia de tanta falta de fé , sejamos em Cristo aquilo que realmente ele quer , não tenhamos preconceitos com qualquer criatura ou raça somos todos obra do pai eterno se ele escolheu o dom a cada um que nós aqui na terra abençoemos as escolhas dos nosso irmãos
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