Ela andava por um beco escuro. Passos apressados, com medo. A capa de chuva cobria o collant e a calça suada que ela usara na academia. Acabara de voltar da aula de dança. Nada a fazia mais feliz do que aquela hora e meia de aula... E foi quando se lembrou da coreografia do dia que ela se deparou com um moreno forte e mal-encarado.
- Tá sorrindo pra mim é, lindona?
Ela tentou avançar, sem sucesso. Aqueles braços musculosos e sujos de graxa impediam seu caminho.
- Onde você pensa que vai, boneca?
- Você não tem nada a ver com isso. Dá licença, por favor?
- Hummm. Que educação. Olha aqui garota, saiba você que eu tenho tudo a ver com isso, porque você vai comigo agora praquele cantinho.
E dito isso ele já foi empurrando-a para o ambiente sujo, fétido e escuro.
- Não, por favor, me deixa ir embora. Eu te dou todo o meu dinheiro, toma. É seu.
- Quem disse que eu quero grana, princesa? Eu quero você.
- Por favor...
E nisso ele já tinha aberto a capa e já abaixava a alça do collant.
- Não, por favor...
- Hum, que peitinho gostoso. Vou mamar você todinha.
- Por favor...
- Ai, pede, pede mais que eu fico louco.
- Me deixa ir...
- Que barriguinha...
- Socorro!
Com violência, ele tapou sua boca e puxou seu cabelo.
- Olha aqui, gostosinha. Gemer pode, mas gritar não. Assim eu perco a paciência.
E isso parece que o deixou com mais tesão ainda, pois num minuto ele rasgou o collant e colocou o seu membro naquele buraco quentinho.
- Hum, sua safada. Tá molhadinha, hein? Tá gostando do papai aqui, tá?
- Me deixa ir embora - dizia ela cerrando os dentes e arranhando a lataria do carro onde estava deitada.
- Eu deixo, mas antes vou fazer a festa, sua cadela - disse o moreno dando um tabefe naquelas fuças.
- Ai, não precisa me bater. Eu fico quietinha.
- Ah vai ficar quietinha, é? Mas eu não quero não, sua piranha. Quero te ver gemendo, gritando. Quero te ver gozando, vai.
- Por favoooooor...
- Isso vai, assim que eu gosto. Já está até perdendo a voz.
- Me deixa ir embora...
- Sem acabar o serviço?
Dito isso, ele a virou de quatro e retomou os trabalhos cada vez com mais força.
Ela não sabia se chorava ou se gemia.
- Ai... por favor...
- Vamos parar com essa educação? Me manda meter, vai.
- Como assim?
- Manda logo, porra.
- Mete.
- Assim não, tá muito fraco. Quero ouvir alto.
- Meeeete.
- Mais forte.
- Mete!
- Ta melhorando. De novo.
- Mete, cacete.
- Isso! Assim que eu gosto.
- Mete logo essa porra!
- Hummm.
Era o que faltava pro garanhão gozar.
- Agora pode ir, cadela. E não esquece: você nunca me viu na vida, hein? Sei onde você mora e vou infernizar tua vida se tu der com a língua nos dentes.
Em casa, já no chuveiro, ela não conseguia esquecer o que tinha acabado de acontecer. E nunca contou pra ninguém, nem pra sua analista. Mas todo dia de noite sonhava com o tal moreno. E acordava com o lençol encharcado.
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9 comentários:
Se você diz que escreveu, eu acredito, mas «buraco quentinho», «tabefe naquelas fuças» e a conclusão remetem para um ponto de vista masculino e/ou misógino do narrador.
Senhoras, pronunciem-se!
Isso mesmo, Joaquim! Fico feliz de você dizer isso. Pra mim, um dos grandes baratos de ser escritora é esse: se colocar no lugar de pessoas com gênero, condição social e realidades de vida completamente diferentes da nossa própria.
Como fiz nos contos-denúncia em que me coloquei (eu, a narradora) no lugar de um pedófilo. Obviamente não preciso ser pedófila para escrever ficção como se fosse uma, não é mesmo?
Um destes contos foi minha estreia na SAMIZDAT e foi, na época, comentado por você, Joaquim. No link: http://www.revistasamizdat.com/2009/03/no-confessionario.html
Bjs!
Perdão, Mariana.
Mas encontrei uma essência um tanto depreciativa, embora eu seja homem tambem.
Não querendo desmerecer teu trabalho, pois as pessoas escrevem sobre o que bem entendem e se foi aprovado pela administração do blog não sou ninguém para julgar, mas creio que seria ao menos ético enunciar o conto como algo de extremo erotismo.
Mariana: pense seriamente na possibilidade de participar de nossa oficina da SAMIZDAT. Gostaria de comentar alguns detalhes desse conto.
Vinícius,
Não entendi o seu "creio que seria ao menos ético enunciar o conto como algo de extremo erotismo". Extremo erotismo é algo assim tão assustador para nós adultos de maneira que tenhamos que avisar ao leitor antes de ele ler?
E "Encontrei uma essência um tanto depreciativa, embora eu seja homem também"... Ao narrar um estupro, meu caro, não estou depreciando a imagem do homem, estou apenas contando um ato que é praticado por alguns homens, ou por acaso você acha que só podemos escrever sobre coisas lindas e belas? Então não se façam mais livros e filmes sobre as sandices de Hitler, sobre as guerras, sobre o 11 de setembro, assim estaremos "depreciando" a imagem dos homens, não é mesmo?
Deus me livre de viver num mundo literário com tamanha censura!
Não falo por mim, cara Marianna, nem mesmo quero censurá-la.
Mas vale explicitar que não só "adultos como nós" acessam a web.
Não, de maneira alguma, intuito atentar à teu trabalho, apenas sugestionar algo que seria, pelo menos na minha opnião, mais ético.
Abraços.
Então, Vinícius. Nós fizemos uma edição inteira de contos eróticos - e alguns muito mais eróticos que este. E até hoje, não veio a mãe de nenhuma criança aqui para dizer que somos pervertidos corruptores de menores. Os menores estão mais ocupados procurando fotos e vídeos de sacanagem... bom seria se lessem literatura erótica.
Para a Mari: não compreendo bem o tom da sua queixa contra censura. Os comentaristas não têm nenhum poder de censurar a revista. O que estão autorizados é a ler, e a expressar sua opinião. E isso, até onde se sabe, é permitido.
E aos rapazes caretas: por favor, né, gurizada! Ampliando os horizontes!
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