Por Carlos Alberto Barros
Se a cidade eu escrevesse,
Desse jeito, não faria.
Mudaria suas vias,
Para a morte não achá-las.
Não mais sangue: vinho tinto
Nos seus cantos, suas valas.
Em suas praças, seus recintos,
Só o amor como interesse.
Se a cidade eu rabiscasse,
Muita coisa censurava:
Empregada feita escrava;
Mãe sem ter onde parir;
O menino andando roto;
Dia-a-dia sem porvir...
O acordar seria outro:
Sol sorrindo em cada face!
Se a cidade eu colorisse,
Transformava todo prédio.
E na casa entregue ao tédio,
Pintaria multicores.
Edifício arranha-céu,
De minhas mãos, teria flores,
Feito um grande carrossel,
Pr’a acolher as meninices.
Se a cidade, um dia, eu fosse,
Com seus bares, padarias,
Um desejo só teria:
De, com zelo, ser gerido.
E quem quer que nessa gana
Descrevesse o colorido,
Não deixasse a face urbana
Mascarar-me a alma doce.
4 comentários:
Interessante!
Com esta temática, eu usaria, de preferência, o título Urbanismo.
Na verdade, este título é provisório, Joaquim.
Este é meu poema mais recente, que, de início, chamei de "Cidade". Fiz para um concurso literário de tema "O Cotidiano Urbano", mas acabei perdendo a data de inscrição.
Mudei o título a fim de, posteriormente, poder mandá-lo a outro concurso com o título anterior.
De qualquer maneira, gostei bastante de sua sugestão. Estou pensando seriamente em acatá-la.
que bonito, carl! amo sao paulo, e esta poesia soa muito bem pra quem gosta desta metropole maluca em que vivemos!
Pois é, Márcia, São Paulo é o que é... Mas também amo esta cidade! Obrigado pelo elogio!
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