Enforcamento (poetrix)
Ouço corações distantes, ouço muitos
Sou como este cadafalso, cego e mudo.
Cessa o rufar de tambores.
Vizinhança no cemitério (poetrix)
Rumorejam e choram jovens falecidos
Por obséquio, peço-vos silêncio.
Respeitem um velho defunto.
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A noite do levante (soneto)
Levantemo-nos, ó gente morta!
Aguarda-nos a insurreição.
Daremos àqueles que andam
Inesperada lição.
Levantemo-nos, ó putrefados!
Os vivos querem diversão.
Esquecem-se que malfadados
Os tempos na Terra serão.
Miremos o terror nas frontes!
Saiamos desses mausoléus.
A noite é dos mortos errantes.
Vamos, que a treva é nos céus!
Vermelho já é o horizonte.
Colhamos os nossos troféus!
4 comentários:
Muito interessante, Volmar!
Geralmente a poesia se presta a temas muito mais "nobres", mas o resultado ficou ótimo. Poe ficaria orgulhoso.
Obrigado. Também gosto mjuito desse poema.
Que maravilha de soneto!
Realmente, saiu-se como uma jóia rara do horror.
Muito bom, Volmar! Belo trabalho.
Temos um poeta gótico e nem sabíamos. Excelente. Tem futuro no mundo sombrio...
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