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quinta-feira, 4 de setembro de 2008

"Cemitério Maldito" de Stephen King

Comprar um livro usado em Nova York é sempre uma surpresa. Certa vez, ao passar por um livreiro de rua, deparei-me com uma edição de "Cemitério Maldito" de Stephen King.

Poucas cenas de infância me impressionaram como as dos filmes de King. Foram noites de medo após ter assistido a "Cemitério Maldito" e, quando um amigo leu o livro e confessou ter ficado aterrorizado, convenci-me de que passaria longe dos livros de King.
Mas a gente cresce e teoricamente acaba perdendo certos temores. Assim, decidi comprar a obra com tal livreiro.
O enredo do livro é bastante próximo da versão cinematográfica: Louis Creed muda-se com sua família para uma cidadezinha interiorana, onde ele assumirá uma vaga como médico do campus universitário. Boa parte da obra aborda a adaptação de Creed e de sua família a este novo cenário, bastante diferente de Chicago, de onde eles vieram. Neste sentido, Stephen King é um autor muito hábil, ele possui uma grande capacidade para conceber e descrever situações cotidianas, talvez até mais do que consegue em cenas de terror. Os conflitos entre marido e esposa, entre sogro e genro, entre irmãos e entre vizinhos ocupam quase a metade do romance. A versão cinematográfica funciona melhor, pois apara todas as arestas e vai direto ao assunto.

No entanto, da metade em diante, King mostra suas armas e nos diz a que veio. A morte do caçula, Gage, é o grande ponto de virada no romance, quando enfim todos os alicerces da família desabam e quando o terror rural e mitológico de King se faz presente.

A escrita de King é agradável, sem grandes preocupações formais, mas em "O Cemitério Maldito" ele ainda parece estar aprendendo o ofício.

E a maior surpresa da compra de "O Cemitério Maldito"?

O exemplar no qual paguei 1 dólar era a primeira edição, à venda por mais de 200 dólares em livrarias especializadas. Uma relíquia para se guardar...

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