Volmar Camargo Junior
Desejo
— Príncipe Xin, qual é o seu desejo?
— Desejo ser o Imperador.
— Não será possível antes de sua maioridade, Alteza.
— Então, me traz um sorvete de abacaxi.
Dívidas
Terêncio estava endividado e sem trabalho. Sacou a última parcela do seguro-desemprego, rasgou as faturas atrasadas e comprou um revólver. A mulher teve que vender a arma para pagar a fiança.
Demorou
— Amor...
— Quê?
— Broxei.
— Qual é a novidade? Tu é broxa!
— É, mas ele tava duro agorinha.
— E por que tu não me chamou?
— Eu chamei. Não viu quando eu disse: “Amor...”?
... para entrar para a História.
Seu Nestor, oitenta e um anos, implicou com o busto do Getúlio na praça: achou que o nariz estava torto. No meio da madrugada, com um torquês, tentou endireitar a escultura. Acabou deixando o Getúlio sem nariz.
De manhã, a manchete do jornal dizia: “Octogenário é encontrado morto com um alicate na mão direita e um nariz de bronze na esquerda”. E, no final da matéria: “Vandalismo não tem idade”.
Tiroteio
— Ouvi dizer que é aqui que estão os valentes da cidade.
— Pois ouviu certo. Veio conferir?
— Não... é que eu não tinha mais onde me esconder do tiroteio.
Ponto de vista
Sabe, a praça fica bonita à noite. Quer dizer, quando não chove. E quando não tem nevoeiro. Ah, e quando não está tomada pelos cachorros de rua. E também, quando não tem feira de dia. Na verdade, era mais bonita quando não tinha esse bando de camelô. Também era melhor quando não tinha essas piranhas. E o chafariz também já teve os seus dias. E sem as pichações também não era nada mal. É... a praça tá feia!
Um belo dia...
... começou a chover. Acabou-se o belo dia.
SAC
— Alô, é do SAC?
— Sim, senhora. Em que posso ajudar?
— Vocês estudam pra trabalhar aí?
— S-sim, senhora.
— Então me diz uma coisa: o que é “odorífero”?
— Como?
— “Odorífero”, com nove letras e termina com “NTE”. Só falta essa pra terminar, e eu não queria olhar nas respostas.
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