“quem
vive como eu não morre:
acaba,
murcha, desvegeta-se.”
Fernando Pessoa
No
subterrâneo não adianta sorrir
Porque
as nossas presas de marfim
Jamais
verão a luz do dia ou o sol.
Eu
estive nas cavernas por muitos anos
E
durante todo esse período nunca recebi
Uma
visita que não fosse trazendo a comida.
No
isolamento não adianta existir
Porque
os nossos sonhos dourados
Jamais
saberão o que é reciprocidade.
Eu
estive nas prisões por muito tempo
E
durante todos esses anos nunca recebi
Uma
notícia que não fosse de morte na família.
Na
escuridão não adianta insistir
Porque
os nossos olhos arregalados
Jamais
avançarão além da cortina sem cor.
Eu
estive nos cemitérios desde a adolescência
E
durante toda a minha vida nunca recebi
Uma
nota que não fosse de pesar e esquecimento.
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