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quinta-feira, 3 de abril de 2025

ANTÔNIMO DE ALEGRIA


 

“quem vive como eu não morre:

acaba, murcha, desvegeta-se.” 

Fernando Pessoa


No subterrâneo não adianta sorrir

Porque as nossas presas de marfim

Jamais verão a luz do dia ou o sol.

 

Eu estive nas cavernas por muitos anos

E durante todo esse período nunca recebi

Uma visita que não fosse trazendo a comida.

 

No isolamento não adianta existir

Porque os nossos sonhos dourados

Jamais saberão o que é reciprocidade.

 

Eu estive nas prisões por muito tempo

E durante todos esses anos nunca recebi

Uma notícia que não fosse de morte na família.

 

Na escuridão não adianta insistir

Porque os nossos olhos arregalados

Jamais avançarão além da cortina sem cor.

 

Eu estive nos cemitérios desde a adolescência

E durante toda a minha vida nunca recebi

Uma nota que não fosse de pesar e esquecimento.


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