Numa noite de chuva fria
eu
havia saído para as minhas
pesquisas
quando o encontrei.
O
vento ventava forte
nas
vigas velhas do casarão
e meus
cabelos e minhas mãos
se
emplastavam de teias de aranha.
Existe
uma imensa solidão em mim
que me
transborda e me faz percorrer
roteiros
de silêncio e sem volta.
Meu
encontro com a criatura proscrita
foi
algo meio profético e enigmático
e na
noite infestada de miasmas um
vulto
cinza me falou em meio a sombras:
“Nada
me prende a este cemitério
a não
ser as dificuldades reais
de se
transpor um corpo da sepultura.
Não me
agrada nada esta arquitetura
mas há
em mim esta herança maldita
que
persegue minha família como uma sina.
As
grades do muro e do portão de saída
são um
limite e uma prisão fictícia e
nada
me diferencia de você a não ser
a
natureza das nossas dificuldades.
E o
que mais nos aproxima é o estado
permanente
da solitária decomposição
de
nossas almas”.
E
finalmente disse, já estertorando:
“O
único elemento que nos distingue
é o
estado de conservação da madeira,
nas
tábuas já podres do meu caixão
e nas
envernizadas que te aguardam”.
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