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domingo, 3 de dezembro de 2023

NA LÁPIDE

 

 

                                             (Lápide de Augusto dos Anjos)

Por Milton Rezende


Poeta, venho visitar

o teu túmulo de ossos

(o que restou de ti

nessa existência às avessas).

Mas os teus versos,

inscritos na vida

como numa pedra tumular

do tempo eterno,

subsistiram aos vermes

que agora me espreitam

e até mesmo a essa imensa

capacidade de esquecimento

que adquirimos como herança.

E é por isso que estou aqui,

e não para prestar homenagem

a uma pequena porção de terra

onde te esconderam na ilusão

de privar-nos de tua sábia

e triste companhia que amamos.

E através deles (os teus versos)

tu nos comunicaste o sentido do efêmero

e a maneira mais artística e correta

de desconsiderá-lo.

 


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