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segunda-feira, 3 de julho de 2023

FRASES DOS ANJOS (1884-1914)


“A miséria anatômica da ruga

De todas as espécies sofredoras

Desespero endêmico do inferno

O horror dessa mecânica nefasta

Dessa estranguladora lei que aperta

Todos os agregados perecíveis

Dos apodrecimentos musculares

À herança miserável de micróbios

O cuspo afrodisíaco das fêmeas

Cresce-lhe a intracefálica tortura

A aspereza orográfica do mundo

E o turbilhão de tais fonemas acres

E à palidez das fotosferas mortas

Com a abundância de um gêiser deletério

Monstro de escuridão e rutilância

Que o sangue podre das carnificinas

Na câmara promíscua do vitellus

Microorganismos fúnebres pululam

Amo meu pai na atômica desordem

Da luz que não chegou a ser lampejo

O choro da energia abandonada”.

 




 

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