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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

VIDA ARTEIRA

 



 

Num espreguiçar sem fim, entreabriu os olhos e percebeu que ainda era noite. No morno da cama e perdido no aconchego acetinado dos lençóis, avistou apenas uma réstia prateada que entrava pela janela aberta, dando aquela sensação prazerosa do despertar antes da hora marcada. Poderia desfrutar do prazer de virar para o outro lado e dormir mais um bocadinho.

         E, naquela pasmaceira, tentou esboçar as etapas do dia. Domingo, compromisso com a visita, com o espetáculo. Desde o dia anterior, a maleta, com a fantasia nova e a peruca, estava acondicionada no porta-malas. Os sacos com os brinquedos, também. Restava apenas ajeitar, na mochila, a maquiagem e os apetrechos de banho.

         Nem bem clareou o dia, o carro deixou a garagem. O percurso seria mais longo; o destino, daquele dia, era na Baixada. Ligou o rádio e não conseguiu conter o riso. Isso era recorrente: ria sempre, quando se lembrava das caras espantadas dos vendedores. Durante anos, em todas as concessionárias que visitou para comprar um carro, defrontou-se com o espanto, ao solicitar que todo o sistema de som do veículo fosse desativado, deixando apenas o rádio em funcionamento. Os vendedores o olhavam como se fosse um alucinado, ou como um rico cheio de esquisitices, caprichos de endinheirado. Nunca tentou explicar, seria complicado. Eles não conheciam a Berenice.

         De início, Berenice vendia bolo numa barraquinha improvisada no entorno do Ibirapuera, parada obrigatória nos passeios de domingo. Certo dia, ela colocou um aviso na parte de cima do avental, declarando que estava à procura de emprego em casa de família.

Estando de mudança para o sobrado em condomínio próximo, ele precisaria de ajudante. Entregou a ela um cartão para que, no dia seguinte, o procurasse. Falariam sobre o trabalho.

Berenice chegou bem cedo, olhava tudo com muita surpresa. Uma papelaria enorme, vários vendedores e clientes se amontoavam pelos corredores, dirigiu-se a um dos caixas e mostrou o cartão, explicando que deveria procurar aquela pessoa. Imediatamente foi levada ao escritório.

Genuinamente despachada, logo após os cumprimentos, danou a falar:

− Com todo o respeito que tenho pelo senhor, quero deixar claro que lhe chamarei de patrão. É o que é. Patrão é patrão e pronto. Não adianta querer mudar as coisas. O senhor não é o dono da casa em que vou trabalhar? Imagine só se, a cada vez que for preciso falar com o senhor, eu tiver de dizer: Senhor Bonifácio! Fica complicado.

− Combinado, Berenice, assim será.

− Outra coisa, é assim mesmo que quero ser chamada: BE-RE-NI-CE. Vou explicar. O povo da minha terra tem mania de cortar os nomes. Na hora de registrar a criança, escolhe aqueles nomes mais compridos, coloca um monte de letra que não conhece, junta um pedaço de nome estrangeiro, deixa tudo tão complicado que nem mesmo o homem do cartório é capaz de anotar no livro. Leva tempo pra entender. Depois, vem o apelido com o nome cortado. Não é por preguiça, não! O povo encurta o nome pra sobrar mais tempo pra falar de outras coisas, cearense adora uma conversa. Repara, presta atenção: lá em casa, Bartolomeu virou Bartolo, Marinete é Nete, Salustiana é Salú, Silvandira é Dira, Sandrilene é Dri. Nem vou falar no que deu o meu nome. Gosto dele inteirinho, ele tem melodia: Be-re-ni-ce. O senhor não acha?

         Falou isso num fôlego só. Bonifácio, atordoado, apenas assentiu com a cabeça.

− E quando é que eu posso conversar com a sua esposa? Preciso saber como é o serviço, o que ela quer que eu faça, essas coisas que só mulher entende...

− Não tenho esposa.

− Não? Ela morreu? Tem filho?

− Não, Berenice. Não tenho esposa, nem tenho filho.

− Ah!

− Questão de opção. Não nasci pra casar e nem pra ter filhos. E você, é casada?

− Deus me livre! Não vou casar, nunquinha! E não quero filho. Já chega a confusão lá de casa; um monte de gente separada, carregada de moleque pra criar. Filho é encrenca pra vida toda. Mas não precisa me estranhar! Sou chegada numa saliência, não fico sem os amassos, mas só ali, naquela horinha. Depois, é cada um pro seu canto. Nada de cadeira cativa, o senhor me entende?

         Naquele momento, Bonifácio sentiu que a vida passaria a ser tumultuada. A convivência com Berenice mudaria a rotina. Monotonia nunca mais.

         No primeiro dia de trabalho, ele ficou em casa. Seria prudente que ajudasse Berenice na ambientação, afinal, ela precisaria de um norte. E, durante todo o dia, notou que ela carregava, de lá pra cá, um pequeno rádio portátil, ligado em som quase inaudível.

         Antes que terminasse o dia de trabalho, perguntou a ela sobre isso.

         − Berenice, você gosta muito de música, não é?

         − Gosto. Ah! O patrão tá falando do rádio?

         − Sim. Percebi que você não se separa dele.

         − Senta aqui, patrão, vou explicar pro senhor. Eu sempre fui muito avoada, meu pensamento é desmandado. Sabe aquela pessoa que pensa o dia inteiro? Sou eu. E pensar muito faz a gente esquecer a obrigação, a hora, o compromisso. O rádio é, pra mim, a linha da pipa. Ele me prende no mundo; se o juízo voa muito alto, o rádio me traz de volta. Ele é vivo, patrão, tem música, conta o que tá acontecendo em todo lugar, fala a hora, e até me faz rezar. Tendo um rádio, a solidão acaba, a gente sonha com o pé no chão. É meu parceiro, só desligo o bichinho quando vou comer. Na hora da comida, quero silêncio pra repensar e agradecer.

         Naquela noite, Bonifácio custou a dormir. A conversa de Berenice aprontou um rebuliço nos seus sentimentos. Generoso, cuidou de providenciar uma surpresa para a ajudante. No final daquela mesma semana, conseguiu um rádio potente e o colocou num suporte na parede da cozinha.

         Quando Berenice chegou, na segunda-feira, o rádio estava ligado e o patrão a olhava para ganhar um sorriso. Ela, presepeira e toda emocionada, falou:

         − Patrão, que coisa mais linda, nem sei o que dizer! Só não te dou um abraço e um beijo porque nós dois somos travados, e, se eu fizer isso, não vai dar certo. Mas vou te dar um presente: trouxe um pedaço de bolo pro senhor.

         − Berenice, por favor, não me faça agrado, não gosto disso.

         − Não é agrado, não, patrão! O senhor sabe: aniversário de família é um derrame, e o meu povo é destemperado. Lá, fartura é exagero, o bolo é do tamanho da mesa! Quando acaba a festa, cada um leva um pedaço, e ainda sobra um monte. O bolo nem cabia na geladeira, então, como ia estragar, trouxe um pedaço pro senhor. Eu também não sou de agradar ninguém.

         E, assim, a vida de Bonifácio nunca mais foi a mesma. Não houve segunda-feira, por décadas, que não tivesse “sobra” de bolo de aniversário, de torta de frango, de pamonha, de cocada, de queijadinha...

         Com o avançar dos dias, Berenice, cansada das conjunturas que se formavam no pensamento, e, querendo um esclarecimento, perguntou:

− Patrão, e seu pai? E sua mãe? Sua família?

         − Não tenho, Berenice, sou só.

         E ficou nisso. Não esclareceu totalmente, mas esse assunto jamais foi retomado.

         Mas, nem por isso, ela se isentou de arrumar uma companhia para Bonifácio.

         − Patrão, o senhor poderia arrumar um cachorro. É uma companhia tão boa, só vendo! Ou um gato! O bichinho é carinhoso.

         − Nem pensar, Berenice. Eu sou mortal e eles também, isso traria sofrimento para qualquer dos lados. E eu poderia me esquecer de dar comida, de dar água. De jeito nenhum!

− E um peixinho no aquário? Um peixinho só!

− Berenice!

− Tá certo, patrão! Não se fala mais nisso...

A casa era do patrão, mas ela se sentia tão integrada naquele ambiente, compreendia que aquilo ali era parte da sua vida, e atinava que Bonifácio precisava ser cuidado. Acreditava que a vida não era feita de acasos; não foi só o patrão quem leu aquele seu pedido de emprego, carregou aquela propaganda, escancarada no peito, por dias e dias. E apenas Bonifácio se interessou. Ninguém mais.

− Berenice, que negócio é esse de plantas em casa? Lá fora, há vasos dependurados pra todo lado! Eu não quero ter flores para cuidar, se não colocar água elas podem morrer. Não quero ter esse compromisso.

− Que nada, patrão! É tudo planta resistente. Samambaia é planta forte! Vou contar pro senhor, lá em casa tem tanta planta, mas tanta planta, que não cabe mais nenhuma. O povo vai socando muda na minha varanda, e, pra não colocar no lixo, trago pra cá. É só por isso.

− E aquelas duas mudas plantadas no quintal? O que é aquilo?

− Pé de pitomba! O patrão, daqui um bom tempo, vai ter sombra, fruta e lugar pra amarrar a rede.  Depois o senhor me conta!

Berenice era tão boa de lábia, que dobrava todas as certezas do patrão. E ele imaginava que ela não notava as plantas regadas aos finais de semana! A mulher era ardilosa, engabelava direitinho. No pergolado do jardim de inverno, havia tanta planta que mais parecia uma floresta. E Berenice, tinhosa feito uma gata e sem medo de tomar outro pega, emendou:

− Patrão, olhe que canto bom pra criar uma calopsita! A bichinha canta tão bonito!

− Berenice!

− Tá certo, nada de calopsita! Não tá mais aqui quem falou! Entendi...

Reservadamente, ele explodia em gargalhada sempre que ela tentava prendê-lo a qualquer coisa. No íntimo, esse propósito de Berenice o agradava, e muito! Gostava de sentir que alguém se preocupava com ele. Desde o primeiro momento, a afeição brotou. E, a cada ano, ela se multiplicava. Sem que ela notasse, passava tempo observando a figura de Berenice. Sempre mais encorpada, se bem que lutava veementemente para caber em manequins menores, vivia com roupas sempre a ranger nas costuras. Mas, depois, cedeu, reconheceu que essa batalha seria em vão. Estava mais madura, também mais lenta. Mas, cabelos grisalhos nunca! Dava a impressão de ser cobaia de produtores de colorantes para os fios. Era sempre a surpresa da segunda-feira, uma paleta de cores ambulante! Ia do dourado ao pink, do azul ao laranja, do lilás ao amarelo, do vermelho ao roxo. Numa certa passagem, pintou metade do cabelo de verde e a outra metade de amarelo! 

Desde que começara a trabalhar, ainda adolescente, Bonifácio gostava de observar os artistas de rua. Era a distração no horário do almoço, lá, no centro da cidade. Havia certo fascínio. Malabaristas, músicos, estátua viva. Admirava a coragem de exposição que eles mostravam, a arte exigia isso.

Bem mais tarde, muitos anos depois, contratou um palhaço para animar a loja no dia das crianças. A alegria foi tão grande, que isso se repetiu em muitas outras datas. E tornou-se próximo do artista. Um dia foi convidado a acompanhá-lo, em finais de semana, nas visitas a asilos, orfanatos, hospitais. Trabalho voluntário.

Bonifácio começou visitando asilos, e declinou dos orfanatos. Mas apaixonou-se verdadeiramente pelas visitas a hospitais, e, em particular, pelas alas de crianças.  Em pouco tempo, assumiu a missão: vestiu-se de palhaço. Abraçou a causa com enorme prazer, a maquiagem o liberava. Bastava pintar o rosto, enfiar a roupa, firmar a peruca no cucuruto e pronto, transmudava-se.

E, com Berenice, aprendeu a exercitar o desapego. Mais que isso, compreendeu o sentido mais amplo do desprendimento. Tudo começou quando ela, preparando os presentes de Natal, pediu ao patrão para guardá-los num quarto, lá no sobrado.

− Patrão, o senhor sabe que a minha casa é um disparate de movimento, um entra-e-sai de gente o dia inteiro, é a verdadeira casa da mãe Joana, então, eu não teria como esconder os presentes de Natal das crianças. Vou comprar os brinquedos aos poucos, e se não incomodar o senhor, gostaria de guardar no quarto desocupado.

Bonifácio não só permitiu como também, no ano seguinte, encantado com a iniciativa de Berenice, entrou na brincadeira e ajudou na compra. A partir daí, a lista encompridava a cada novo ano, criança brotava feito repolho.

− Patrão, o senhor sabe que no meu quarteirão, das quatro bandas, é tudo casa de parente. A gente tem costume de fazer puxadinho de três pisos, então, o senhor imagina a quantidade de gente, se em cada casa cabem três famílias! Ali, aquele que não for do mesmo sangue, é enroscado com um que é. Vou explicar pro patrão entender: todas as casas dão num único terreiro. No fundo dos terrenos, não tem muro, é um quintal só. Uma misturada! Até as roupas no varal causam confusão. No dia de pagar as contas de água e de luz, é um quebra-pau! Eles vão puxando luz de uma casa pra outra, puxam cano de água de uma construção pra outra, e o relógio das três famílias é um só! Na hora de rachar a conta, valha-me, Deus! Se uma pessoa, de fora, presenciar uma dessas brigas, vai achar que aquilo só vai ser resolvido na peixeira! Mas não é, patrão. Tudo se ajeita. Eu já falei, é tudo gente que gosta de barulho, que adora um falatório.

− Por isso, eu achei certo o senhor nunca aceitar se juntar a nós nas festas de fim de ano, o senhor tem outro jeito. Lá, em dia de festa, a manguaça começa cedo. Quando vai anoitecendo, o povo já está falando bobiça, tudo muito diferente daquilo que o senhor conhece, mas vou te dizer uma coisa: quando o relógio dá meia-noite, a primeira pessoa que vem no meu pensamento é o senhor. Eu fecho os olhos e peço: “que Deus te proteja, patrão!”. E eu peço com tanto amor, que chego a arrepiar, o senhor acredita? Naquele dia em que o senhor me entregou o seu cartão, eu senti que era o meu dia de Cinderela, foi mágica da fada-madrinha. Com uma única diferença: a mágica não se desfez. Desde aquele dia, patrão, eu nunca mais tive insegurança. E não falo isso pelo dinheiro do salário que o senhor me paga! Não! Falo isso pelo valor que o senhor me dá, pelo respeito que recebo. Mas vamos mudar de assunto. Eu já falei o que queria falar, só peço pro senhor acreditar, patrão, só isso.

E como não iria acreditar? Com ele aconteceu o mesmo.   

Em meio a tantas lembranças, Bonifácio notou que já estava na Baixada. A vista do mar era encantadora. Chegando ao hospital, ocupou a ala da enfermagem para se paramentar. Naquele dia, estava animado com a nova fantasia. Berenice era especialista em comprar novos modelos. Combinava, como ninguém, as cores dos tecidos com as perucas, conhecia todas as lojas da 25 de Março e do Brás! Ela sempre falava que, um dia, iria acompanhar o patrão em uma dessas visitas, queria assistir ao espetáculo. Ambos sabiam que ela jamais iria.   

Arrastando os sacos com brinquedos, como se estivessem pesadíssimos, entrou na enfermaria. Quando soltou a voz: “como vai, como vai, como vai, vai ,vai?”, a sala virou uma risada só.    

Bonifácio, na primeira passada pelo corredor, além das palhaçadas, fazia o papel de olheiro. Observava os semblantes dos pequenos pacientes; os mais participativos não o preocupavam na mesma intensidade que aqueles de feição mais acabrunhada. Crianças prostradas e solitárias o afligiam. E, antes de terminar o espetáculo e de modo especial, fazia tudo para provocar um sorriso. Quanto aos brinquedos, todos de pano, separados em sacos diferentes, eram do gosto da criança. Ao lado de cada cama, perguntava: “boneca ou bicho?”. De acordo com a escolha, o pequeno paciente pegava o brinquedo. 

Havia um menino de olhos vendados por ataduras, que não se animou nem mesmo com as piadas de Bonifácio. Aquela inércia incomodava, e, ao fim do trajeto pela enfermaria, o palhaço puxou uma cadeira e colocou-se ao lado da criança. Retirou as luvas e pegou a mão livre do menino. A outra estava ligada ao soro. Ele não se assustou e apertou a mão de Bonifácio. Diante dessa receptividade, o palhaço começou uma conversa:

− Está com dor?

− Não, eles não me deixam sentir dor. A enfermeira disse que acabou de colocar um remedinho e que vai dar sono! E o médico disse que logo vou pra casa; sinto saudade dos meninos.

− Você tem muitos irmãos?

− Muitos! Mais de trinta!

− Nossa!

− Irmãos de coração, moramos na Casa da Criança.

Bonifácio engoliu seco. Calou-se. Ficou lá, segurando a mão do menino, sentindo uma vontade imensa de chorar e, mesmo tentando disfarçar, chorou mansinho. Quando percebeu que o menino relaxou a mão, havia adormecido, ajeitou o brinquedo bem perto do travesseiro, jogou um beijo no ar e foi para o alojamento dos enfermeiros.

Enquanto retirava a fantasia, chorou. Durante o banho, soluçou. Não queria reviver aquilo, evitava raspar as feridas. As dores pareciam distantes, pareciam pertencer a uma outra vida, mas agora latejavam. E as cenas brotavam, involuntariamente. Aquele mesmo horror dos dias de visita no orfanato. Aquela sensação de carne exposta na vitrine, esperando a escolha de uma família caridosa. A frustração após a visita, a insônia das noites intermináveis.  Lembrava-se da tristeza de quando Guto, o melhor amigo, foi adotado. Da dor de ambos, na despedida. De Guto, porque deixava a irmã Tininha para trás, e, dele, por ficar ainda mais só. Tininha havia completado cinco anos, apenas cinco anos, e Bonifácio prometeu ao amigo que cuidaria dela. E a última dor insuportável foi quando a família adotiva de Guto, meses depois, voltou para buscar Tininha. Naquele tempo, Bonifácio chorou a noite toda, a semana, o mês, anos e anos a fio. Nunca visitaria orfanato, não cutucaria a ferida daqueles abandonados. Se as pessoas soubessem a ebulição que causam na alma de cada criança que lá vive, repensariam as visitas. Elas são feito alpistes jogados aos pássaros. Atenuam a fome momentaneamente.                       

Desligou o chuveiro, refez-se. Planejara almoçar num restaurante, lá mesmo na Baixada. Parou na orla, na Ponta da Praia. Ficou tempo observando o movimento dos navios, o azul das águas, a alegria das famílias de turistas, as gargalhadas, as conversas cheias de gritaria. Só observava, não pensava.

E, de repente, sentiu uma vontade enorme de pegar a estrada de volta, de chegar em casa, de descongelar a lasanha carinhosamente preparada por Berenice, de aguar as plantas, e, depois, de deitar na rede amarrada nos pés de pitomba.

Entrou no carro, ligou o rádio, riu...

Ainda bem que o dia seguinte seria segunda-feira! E, com certeza, haveria a matrona Berenice. Haveria uma “sobra” de bolo de aniversário... 

 

                    Regina Ruth Rincon Caires

 

 

 

 

 

 

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