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terça-feira, 23 de novembro de 2021

ETERNO PESAR

 

 


 

 



 

No silêncio da madrugada, da outra casa, parede-meia, eu conseguia ouvir desaforos sussurrados, choro abafado, gemidos de dor. E isso acontecia amiúde. No claro do dia, eu via um casal normal, afora o olhar esquivo da mulher. Reticente, evitei a aproximação. Era o comportamento costumeiro, não cabia invasão da privacidade. O relacionamento, unidade blindada, pertencia apenas aos envolvidos. E, da crueldade velada, da violência reiterada, nunca ouvi pedido de socorro. Apenas o estampido.  

 

 Regina Ruth Rincon Caires


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