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quarta-feira, 3 de novembro de 2021

BOI DESCOMEDIDO



                                             (Manuel Bandeira, 1886-1968), Opus 10.


“Como em turvas águas de enchente,

Me sinto a meio submergido

Entre destroços do presente

Dividido, subdividido,

Onde rola, enorme, o eu morto,

 

Eu morto, eu morto, eu morto.

 

Árvores da paisagem calma,

Convosco – altas, tão marginais! –

Fica a alma, a atônita alma,

Atônita para jamais.

Que o corpo, esse vai com o milton morto,

 

Milton morto, milton morto, milton morto.

 

Eu morto, eu descomedido,

Eu espantosamente, eu

Morto, sem forma ou sentido

Ou significado. O que foi

Ninguém sabe. Agora é milton morto,

 

Eu morto, milton morto, boi morto”.

 


 

 

 

 

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