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quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Coração sem asas

 




Os corações

quase todos

têm o amor inspirado

têm o voo destinado

as aves todas do céu


Voam sem saber

como

vivem sem saber

para quê

traçam um voo perfeito

no seu eleito

viver


Trazem asas ao nascer

abrem-nas à viração

lançam velas

à vastidão

do espaço e voam

Cumprem o destino delas


Uma asa que não voa

asa que não tem sentido

A uma ave

de que serve?


Um coração que não ama

de que serve a quem o tem?


Algum dia se encerrou

de asa ferida

magoado

Nesse momento lançou

um olhar derradeiro

ao firmamento negado

e disse adeus à vida


Coração que não ama:

asa que não voa


Ave que não cante:

coração agonizante


Joaquim Bispo


*

Esta composição, desencadeada numa oficina de escrita de Conceição Garcia, em 2007, foi um dos textos selecionados para integrar a coletânea resultante do XIII Concurso Literário de Presidente Prudente — Brasil, 2020.

*

Imagem: Hugo Simberg, O anjo ferido, 1903.

Ateneu, Helsínquia, Finlândia.

* * *


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