O atirador de facas - Poema de Eliza Caetano Alves





O atirador de facas



O atirador age calmo e morno
mesmo o sangue do baço perfurado
mesmo o sorriso de olhos fechados
ganha o jogo quem acertar sem querer


O herói do circo é o atirador de facas
aos olhos da moça pregada na parede
seus olhos tremem


O que ela quer
receber facas pelo corpo
o fio dos dentes do atirador de olhos azuis partindo suas postas.


Era uma vez uma garota na ponte
eram olhos de correnteza que a fitavam lá
de baixo.
Atirador, ela é nas suas mãos
retalhada de olhos fechados
de olhos abertos
fixos em seus olhos de correnteza azul.


Enquanto você gira para atirar
seu sorriso é morno
e seus olhos continuam
correnteza. Suas mãos
e meus olhos são
castanho–escuros.
Enquanto você ganha
meus seios e pele, enquanto,
querido atirador, escrevo
uma carta e mostro
o caminho para suas lâminas
sei que você tentará acertá–la.
Me atire, a garota na ponte,
o sorriso na ponte,
seus olhos de correnteza azul
na ponte.





Do livro O Caderno das inviabilidades, Editora Urutau.



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